Artigo
O melhor parabéns


O barra-cordense Humberto Madeira publicou este artigo no jornal 'O Estado do Maranhão', na edição de sexta 3 de maio de 2002.
O texto disserta sobre o significado dos 167 anos de Barra do Corda. O enfoque principal é o o meio ambiente


Humberto Madeira

Cento e sessenta e sete anos se passaram desde a fundação de Barra do Corda. O que era um vilarejo tornou-se uma cidade. O desenvolvimento também chegou e com ele as desvantagens da nossa inconsciência preservacionista. Os rios Corda e Mearim, estes já não são mais os mesmos. Assim, parabenizar a cidade barra-cordense em três de maio é defender sobretudo a natureza.

          &n`bsp; A cidade cordina foi erguida entre montes e vales na região central do Maranhão. Para aqueles intrépidos desbravadores ofereceu solos férteis, novas esperanças, água em abundância e, acima de tudo, uma beleza que encantaria os mais excelsos poetas do século XIX, àqueles da romântica escola literária.

            O ano era 1835, a pedido do governador do Maranhão de então, o cearense Manoel de Melo Uchôa chega à terra inexplorada. Habitada pelos índios Canelas e Guajajara, com matas e belezas inestimáveis, Barra do Corda logo tornou-se importante no cenário político-geográfico maranhense. Atraiu gente, riquezas e tornou-se produtora agropastoril de expressão no cenário maranhense.

            Os rios Corda e Mearim, com boas condições de navegabilidade, ofereciam contato direto com a capital, São Luís, facilitando o contato, o transporte de mercadorias e as comunicações. Inicialmente formou-se o vilarejo de Santa Cruz, depois Barra do Rio Corda e, finalmente, Barra do Corda.

            Com o passar dos tempos, ganhou títulos afetuosos: recanto dos poetas, dos amores, dos amantes e, até mesmo, de cidade do folião, do melhor carnaval. Um caso de amor, enfim, que transcende para um caso de preocupação ecológica.

            Àquelas águas límpidas, o cheiro de mato verde, peixes em abundância, já não são privilégios nem dos rios Corda e Mearim nem tampouco da querida Barra do Corda. De uma maneira geral, além da falta da educação ecológica, não temos na cidade uma política eficaz voltada para a preservação do meio ambiente. Estamos engatinhando em matéria de preservação.

            A devastação das matas c`iliares é uma realidade e uma preocupação sem tamanho. Essa agressão provoca o assoreamento do leito dos rios, com efeitos inimagináveis ao longo do tempo. Mas, de imediato, dificulta a navegação, o bom contato e a boa comunicação entre os povoados e municípios vizinhos, como Joselândia, Esperantinópolis e Pedreiras.

            Acho também que em respeito aos nossos antepassados, que deixaram testemunhos de não quererem ver a cidade em desfalecimento, penso que podemos fazer um pouco mais pela manutenção do pouco que nos resta. Sonhar com dias alvissareiros é importante, é necessário. A Barra precisa dessa nossa preocupação. Do nosso SOS ecológico.

            Com uma fauna ameaçada, uma flora sem cores, a ajuda que pode ser dada por todos nós, homens, mulheres e crianças, é em defesa do que é mais precioso: a vida.

            De todo modo, numa só voz, estamos a cumprimentar Barra do Corda pelos seus 167 anos. Mas a consciência maior é a de que estamos dando a nossa contribuição. Naquelas belas terras de Melo Uchôa e por tantos outros que lutaram e, lá em cima, torcem por uma cidade à altura das suas potencialidades, pedimos a criação da reserva da Serra Negra, onde nasce o grande rio Mearim, bem como a preservação de todo meio ambiente.

            Essas são as idéias que defendo em prol da preservação da Barra. Simpatia é quase amor. Também é preciso urgentemente validar na escola a importância de se preservar o meio ambiente. E que os futuros cidadãos cordinos cresçam com a consciência de que defender a natureza é dizer o melhor parabéns que a Barra pode receber neste três de maio com certeza.

*HUMBERTO MADEIRA é estudante de Comunicação Social e Fisioterapia
humbertomadeira@yahoo.com.br