Artigo
Mensagem de natal em tempos
de crise

jornal Turma da Barra

"Com humildade e simplicidade, diante do presépio do MENINO-DEUS, 
façamos uma profunda meditação sobre a nossa vida
"

*Luiz Carlos

            Unindo nossas vozes à voz firme de Santo Agostinho, digamos jubilosos: “Celebremos com alegria a vinda de nossa salvação e redenção! Celebremos este dia de Festa em que o grande e eterno Dia, gerado pelo Dia grande e eterno, veio a este nosso dia temporal tão breve!!” As festividades do SANTO NATAL se aproximam, trazendo para todos e todas a renovação da vida, na justiça e na paz! A nossa cidade, o nosso Estado, o nosso Brasil e o mundo tem vivido momentos difíceis e delicados no que concerne à justiça, aos valores, aos direitos humanos  e à paz... só conseguiremos erradicar o ódio, a violência, a corrupção, a prepotência e as demais ramificações do mal, através D’Aquele que é a nossa PAZ:CRISTO JESUS! Redentor do homem. O verbo é verdadeiramente a inteligência de Deus que, ao entrar no mundo, se manifestou como o servo de Deus. O nosso mundo pós-moderno ou líquido está necessitando, com urgência, de uma revitalização dos valores fundamentais da pessoa humana! Jesus Cristo se revestiu de nossa roupagem humana, para testemunhar concretamente o significado da solidariedade, da igualdade, da humildade e da simplicidade de vida, exigências básicas para um viver comunitário e social na fé e na esperança. A glória do homem é Deus; mas o receptáculo das obras de Deus e de toda a sua sabedoria e poder é o homem!, nos recorda Santo Irineu. Quantos acontecimentos dramáticos, embebidos de violências, tensões e conflitos, neste ano em curso, subestimaram os valores da pessoa humana, diminuindo a sua dignidade e obstaculizando o seu desenvolvimento na trajetória natural e normal da existência! Quando se perde a dimensão sobrenatural da vida...Quando se distancia da Palavra de Deus, não valorizando o rico e profundo conteúdo de vida nova nela existente!!...perde-se e dilui-se na triste lacuna da mediocridade. O Natal do Senhor vem nos dar esta preciosa oportunidade de reflexão serena de nossa vida, face à exigente e desafiadora caminhada da humanidade. “É preciso suportar e perseverar, irmãos caríssimos, para que, tendo sido introduzidos na esperança da verdade e da liberdade, possamos alcançar esta verdade e liberdade. O fato de sermos cristãos exige de nós a fé e a esperança, mas a paciência é necessária para que essa Fé e essa Esperança possam dar seu fruto. A esperança e a paciência são necessárias para levarmos ao fim o que começamos a ser e alcançarmos aquilo que, tendo-nos sido apresentado por Deus, esperamos e cremos...” nos lembra o bispo São Cipriano(Tratado sobre a paciência). É evidente que, diante das gritantes injustiças, ninguém pode silenciar e se omitir..., pois será na ótica da esperança e da paciência, que o clamor contra as injustiças e quaisquer formas de opressão se fará sentir, na ressonância positiva pelo respeito inalienável aos direitos humanos. Não se pode confundir “Esperança e Paciência” com “Passividade”. A esperança e a paciência, são forças dinâmicas, que nos impulsionam a agir com prudência, falando e denunciando com coragem, no momento certo e no tempo marcado pelo bom senso e pela seriedade. Enquanto “passividade” é omissão, é conivência com o “status quo”... é estar de braços dados com as situações injustas e opressoras. Porém não nos deixemos iludir pela complexidade do momento atual, nos seus latentes desvios e artimanhas. Não sejamos tão ingênuos, deixando-nos envolver por ideologias e filosofias, partidos políticos ou outras agremiações, que se julgam portadores da solução definitiva dos atuais problemas. A História é a ineludível mestra da vida, testemunhando através dos séculos, os fracassos das ideologias, que se fundamentaram na movediça areia dos radicalismos, com o pretexto de pretensas soluções para os angustiantes problemas da humanidade. A irrupção do Filho de Deus na História dos homens, tem um objetivo muito preciso e específico, com transparentes conotações do respeito de Deus pela humanidade...tanto que nos deu o seu FILHO, revestido da nossa fragilidade humana, a fim de cuidar das chagas do seu povo e sanar a contusão dos golpes que recebeu...pois é um Deus de justiça!(Is 30,26). Provou, armando a sua tenda entre nós, que só é possível manter a união e a paz, quando os irmãos e as irmãs se suportam mutuamente e guardam, mediante a paciência, o vínculo da concórdia! Ensinou e continua a nos ensinar como se vive na planície da igualdade, sob o firmamento límpido da justiça, a serena, concreta e real Civilização do amor, da solidariedade e da fraternidade!
            Com humildade e simplicidade, diante do presépio do MENINO-DEUS, façamos uma profunda meditação sobre a nossa vida, recordando as palavras do Papa São Leão Magno: “Nosso Salvador, amados filhos, nasceu hoje: alegremos-nos. Não pode haver tristeza quando nasce a vida: dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade. Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque Nosso Senhor, Aquele que destrói o pecado e a morte, não tendo encontrado nenhum homem isento de culpa, veio LIBERTAR a todos!!”.

            UM NATAL FELIZ NO SENHOR JESUS! UM ANO NOVO REPLETO DE PAZ E BÊNÇÃOS!

*Luiz Carlos Rodrigues da Silva, 50, é filósofo e historiador, membro da ABL, mora em Barra do Corda (MA)

(TB24dez nº126)

 

Artigo
Liberdade ou liberdades
jornal Turma da Barra

"o direito à liberdade de expressão, pois esta não é uma liberdade como as outras.
            É a liberdade das liberdades. A que não tem nem regulamento, nem exceção. Um “valor” carregado de conotações afetivas. Uma das únicas, talvez, pelas quais um homem se disponha a morrer
"

*Luiz Carlos

            Ao contrário do que se poderia acreditar ou imaginar, o “problema” da liberdade de expressão não constitui um simples caso particular do “problema” da liberdade “em geral”.
            Na verdade, pode ser que exista um problema metafísico, ou mesmo um problema moral, da liberdade. Mas não existe problema político da liberdade.
            Por quê? Porque, a partir do momento em que nos situamos em uma perspectiva democrática, a partir do momento em que afirmamos que a autonomia ( individual ou coletiva) deve ser preferida, em todas as circunstâncias, ao seu contrário – a liberdade deixa de ser um mito ou um mistério. Ele se torna, simplesmente, uma maneira de ser. Um estilo. O tecido da existência.
            Na democracia, cada um, sendo, por definição, livre, tem o direito de fazer, dizer e pensar o que quiser, com a única condição de não infringir as leis. Outorgado a todos os cidadãos, esse direito se divide em uma multiplicidade de “liberdades”, que devem ser regulamentadas, como são todos os direitos.
            Em contrapartida, existe um problema específico ligado à regulamentação de um direito particular: o direito à liberdade de expressão, pois esta não é uma liberdade como as outras.
            É a liberdade das liberdades. A que não tem nem regulamento, nem exceção. Um “valor” carregado de conotações afetivas. Uma das únicas, talvez, pelas quais um homem se disponha a morrer.
            O direito à liberdade de expressão, sendo destinado a inscrever-se, também ele, em um sistema de direito positivo, não pode sê-lo sem estar, de um modo ou de outro, definido, circunscrito, limitado.
            Como fazer, por exemplo, para que essa possibilidade seja igualmente dada a todos os cidadãos? Para evitar que alguns se expressem mais frequentemente do que outros? Como fazer, enfim, para que a livre expressão de opiniões resolutamente hostis à democracia não acabe prejudicando a própria democracia?
            Dessas três questões, a terceira nunca deixou de levantar os debates mais vivos, desde que se fala de liberdade individual no ocidente, ou seja, desde o movimento renascentista.
            Hodiernamente, ela se apresenta de maneira ainda mais dramática, pois o fim da Guerra Fria (1947-1989), provocando a “globalização” do sistema capitalista, forçou brutalmente a inclinar-se, diante da esmagadora dominação do “modelo” ocidental, todos aqueles que, até então, acreditavam poder escapar-lhe.
            Diante de tal “imperialismo”, formas de “resistência” novas apareceram por toda a parte, tanto nos países emergentes quanto no interior do ocidente. Impotentes para combater diretamente a nova ordem econômica e política, elas se encarnaram, no essencial, em discursos “de substituição”, de dominante étnica (nacionalismo) ou religiosa ( fundamentalismo).
            Mesmo que, no caso, sejam apenas ersatz, nacionalismo e fundamentalismo não são menos perigosos. Primeiro, porque se propõem como objetivo nada menos do que o aniquilamento da própria democracia. Depois, porque gozam de um apoio popular crescente – revelado, por exemplo, pela virulência do movimento islamita nos países árabe-muçulmanos, assim como, no ocidente, pelo brutal ressurgimento, há duas décadas, dos partidos de extrema direita.
            Daí a pergunta: em relação a esses dois discursos, o que deve fazer a democracia? Deixá-los expressar-se, sem reagir? Ou então tratar de defender-se?

*Luiz Carlos Rodrigues da Silva é filósofo e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Barra do Corda (MA)

(TB/18setnº125)

 

Artigo
Política: A arte de governar 
para o bem comum

jornal Turma da Barra

"O processo de alienação política 
ao qual o povo brasileiro foi submetido no desenvolvimento da história da nação obteve êxito. 
Política não se limita apenas a discussões e atividades partidárias. 
É necessário que a população brasileira saia de seu estado de letargia na questão política, vencendo a apatia para começar a construir uma sociedade politizada e participativa"

*Luiz Carlos

            Urge pensar na ação crítica ao individualismo para que a sociedade brasileira possa sair do estado de caos no qual nosso tempo está mergulhado. Uma face dessa multiface caótica é a exacerbada descrença dos brasileiros em relação às instituições políticas. Uma nuance particular para os candidatos que apresentam panaceias, em forma de “projetos”, para as mazelas sócio-político-econômicas. O horário eleitoral é na verdade um enredo num palco de stand up comedy. “Em outro relance, por parte da maioria da população, o ceticismo se manifesta em frases costumeiras como: “detesto política”,” todo político é corrupto”. Tudo isso denota e reforça a ausência de uma cultura política que impede a capacidade de indignar-se.
            Alienados e distantes devido a um longo processo histórico ideologicamente tendencioso, somos vítimas de um ideário periférico (a massa)  da construção política nacional. Respira-se ainda hoje um ar de “apolitismo”. Como consequência, internalizamos que o mais correto é ficar o mais distante possível desse contexto.
            O processo de alienação política ao qual o povo brasileiro foi submetido no desenvolvimento da história da nação obteve êxito. Política não se limita apenas a discussões e atividades partidárias. É necessário que a população brasileira saia de seu estado de letargia na questão política, vencendo a apatia para começar a construir uma sociedade politizada e participativa. É fundamental resgatar a fleuma que motivou a massa contra a ditadura militar no movimento diretas já.
            A Política existe para prestar um serviço à sociedade. Aristóteles, na sua obra Política, afirma que “toda cidade é um tipo de associação, e toda associação é estabelecida tendo em vista algum bem; por conseguinte, a sociedade política, a mais alta dentre todas as associações, a que abarca todas as outras, tem em vista a maior vantagem possível, o bem mais alto dentre todos”. Política é a arte de viver em sociedade, de tomar decisões que visem o bem da comunidade, pois, segundo Aristóteles, os homens se associam visando um bem comum. Esse bem comum mantém um laço estreito com a Ética aristotélica, pois a finalidade maior dos seres humanos, de acordo com o filósofo, é a felicidade.
            A Ética é a condição imprescindível para que a Política possa tornar-se realidade. A Política é a Ética buscando o bem da coletividade. O cidadão de almejar a participação na administração da polis. O homem só pode atingir a chamada felicidade virtuosa, se internalizar a prioridade que a cidade deve ter em sua vida. A partir dessa premissa, fica fácil entender o conceito de homem concebido por Aristóteles: o homem é um animal político ( zoon politikos).
            É evidente que esse processo de despertar político leva tempo para se concretizar. Porém, está na hora de superar a cultura do “carnaval e futebol”, do “rouba, mas faz” e assumir as questões políticas como prioridade da bem comum. Afinal, não podemos esquecer, como dizia John Locke, “todo poder emana do povo”. 

*Luiz Carlos Rodrigues da Silva é filósofo e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Barra do Corda (MA)

(TB/11setnº124)

 

Artigo
Por que defendo a UFMA
em Barra do Corda

jornal Turma da Barra

*Luiz Carlos


            E incontestável a importância da UFMA em Barra do Corda. É a educação que capacita as pessoas para viverem melhor e para desempenharem os seus papéis na sociedade.
            Porém, com a globalização, esse mundo interconectado em que vivemos vem promovendo cada vez mais o intercambio tecnológico, econômico, social e cultural, fazendo com que haja uma necessidade cada vez maior da sociedade de aumentar a capacidade de adquirir, processar, divulgar e aplicar o conhecimento. E é a universidade que tem esse papel, de criar e transmitir conhecimento.
            As universidades atuam basicamente de três maneiras na comunidade mundial. Através da pesquisa, cria novos modelos, novas práticas, novos saberes que contribuem para o desenvolvimento social. A universidade é a instituição capaz de impulsionar o crescimento das cidades de forma sustentável. É a universidade que faz do conhecimento um bem público. É a universidade que através da investigação e do ensino pode estabelecer modelos de vida que respeitem mais o ser humano e a natureza que o cerca.
            É a universidade que pode estimular uma atitude mais positiva em relação à diversidade cultural e ambiental, que pode difundir os processos de defesa do meio ambiente, que pode fazer com que se utilize o conhecimento de forma responsável, contribuindo para a prosperidade e o bem estar da sociedade e do planeta.
            As universidades contribuem também, ativamente, para o desenvolvimento social, graças ao fortalecimento e a interação do meio universitário com os agentes externos, em particular com as comunidades e com as empresas locais. E, além disso, é a universidade quem qualifica as pessoas para o mercado de trabalho, que prepara os responsáveis para as decisões vindouras e que forma os professores que atuarão em todos os graus de ensino e serão responsáveis pelo alicerce da mudança que queremos e precisamos para um futuro melhor.
            As universidades podem intervir na reorientação dos planos de ensino da educação básica e da profissional. As instituições de ensino superior não só podem questionar de forma crítica o sistema educativo, como também devem desempenhar um importante papel na criação de processos de aprendizagens inovadoras, que incorporem os novos meios de comunicação e as novas tecnologias de informação que permitam melhorar a aquisição de conhecimentos durante toda a vida.
            Por isso, acompanho, faço parte do grupo pró-UFMA e luto para que tenhamos um Campus da UFMA em Barra do Corda. Defendo uma educação como elemento de mudança e capaz de transformar radicalmente o marasmo em que se encontra a nossa cidade.
            Não podemos aceitar que uma parcela mínima da população barra-cordense tenha acesso ao ensino superior. Para que Barra do Corda alcance o desenvolvimento econômico e social que todos nós desejamos, é preciso que cada vez mais barra-cordenses se qualifiquem e cheguem à universidade. Tudo isso é pensar grande.

*Luiz Carlos Rodrigues da Silva, filósofo e historiador, membro da Arcádia Barra-Cordense.

(TB14dez2010
/nº81)