Memória
Milton Nava faz 100 anos
jornal Turma da Barra


Milton Nava

"Caso estivesse vivo, o barra-cordense Milton Nava, 
neste 9 de outubro de 2014, estaria completando 100 anos. 
O filho Paulo Roberto Milhomem Nava faz um resumo da sua biografia.
"

Por Paulo Roberto Nava

            MILTON NAVA nasceu em Barra do Corda, estado do Maranhão, na data de 9 de outubro de 1914. Caso estivesse vivo, estaria completando neste ano de 2014 cem anos. Filho de Hamilton Nava e Neusa Chaves Nava, primogênito de sete irmãos, que são Milton, Raul, José, Maria, Edite, Conceição e Aurora.
            Seu avô, o Coronel José Nava, da Guarda Nacional, foi Prefeito de Barra do Corda por três mandatos, nos períodos de 1897 a 1900; 1909 a 1913 e de 1924 a 1928. Foi homenageado em Barra do Corda com uma rua em seu nome, denominada Rua Coronel José Nava, que passa em frente/ao lado do Bar do Kaburité e da praça Melo Uchôa.
            Seu pai, Hamilton, era Coletor de Rendas do Governo Federal, tendo sido também Prefeito de Barra do Corda no período de 1919 a 1923, vindo a falecer no ano de 1928. Como na época o sistema previdenciário no Brasil era precário e arcaico, com tal falecimento a família passou por dificuldades financeiras.
            Com o falecimento de seu pai e sendo o filho mais velho, com idade de 14 anos, Milton passou a ajudar na manutenção da família, inicialmente com a venda de porta em porta de pães e bolos feitos por sua mãe, Neusa, e em seguida foi trabalhar nos Correios, aprendendo o Ofício de Telegrafista, cuja função foi por ele exercida até sua aposentadoria, no ano de 1963.
            Seu irmão, José, também aprendeu o Ofício de Telegrafista e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi Telegrafista de Bordo da Empresa Aérea Panair, tendo levado para morar no Rio sua Mãe (Neusa) e suas irmãs (Edite, Conceição e Aurora).
            No Rio de Janeiro, sua Mãe Neusa conseguiu ser pensionista da Previdência do Governo Federal, em função de seu falecido marido ter sido funcionário da Receita Federal, passando a receber a pensão, com valor financeiro equiparado ao pago aos Auditores da Receita Federal.
            Tendo em vista sua mãe e alguns irmãos morarem no Rio de Janeiro, pelo menos uma vez por ano Milton ia passear na Cidade Maravilhosa, quase sempre de carona em avião da FAB, do programa do governo federal denominado Correio Aéreo Nacional - CAN, criado em 1931, com o objetivo de integrar as regiões carentes do país.
            Neste programa da FAB/CAN, havia um roteiro quinzenal no trajeto Rio de Janeiro/São Luis e vice-versa, passando por várias cidades, incluindo Barra do Corda.
            Milton era autodidata, tendo estudado no ensino regular até o quinto ano do ensino fundamental, tendo como parâmetro às regras atuais do Ministério da Educação. Conhecedor de geografia, história e conhecimentos gerais, estava constantemente procurando se inteirar dos acontecimentos, tendo como referência à leitura de periódicos, além de informações veiculadas pelas emissoras de rádios nacionais e internacionais, como a ‘Voz da América’, ‘BBC de Londres’, dentre outras, nas transmissões através de ondas curtas.
            O interesse em ouvir as emissoras de rádios internacionais dava-se em função da ditadura militar controlar as notícias das emissoras de rádios nacionais.
            Milton Nava casou-se com Castorina, filha de Moisés de Oliveira e Filomena, com quem tiveram as filhas Gladys; Leda (in memorian) e Maria das Graças.
            Ficou viúvo da Castorina, vindo após algum tempo casar-se com Conceição, filha de Manoel de Melo Milhomem e Joana Teixeira, com quem tiveram os filhos Wanda, Milton Filho, Hamilton, Paulo Roberto, Raul e Sergio Murilo.
            No ano de 1963 aposentou-se dos Correios, com idade de 49 anos, buscando em seguida uma nova fonte de renda, passando a ser representante da Loteria Estadual do Maranhão, com venda dos bilhetes tanto em Barra do Corda, como em Presidente Dutra, Tuntum e Dom Pedro. Continuou com esta representação até o final da década de 1970.
            Com espírito empreendedor, no ano de 1968 montou, junto com seu genro Ilnar Pacheco, casado com sua filha Gladys, um cinema, com o nome de Cine Canecão, localizado próximo ao cais do porto, na região conhecida em Barra do Corda como ‘rampa’.
            Após algum tempo a sociedade do cinema foi desfeita, sendo que Ilnar Pacheco e sua esposa Gladys continuaram com o Cine Canecão e Milton Nava montou outro cinema, com o nome de Cine Cordino, que funcionava no salão na parte detrás do Bar do Ângelo, na Rua Formosa.
            Em sequência Milton construiu um salão próprio, para continuar com a atividade de cinema, com o nome de Cine Apolo, anexo à sua residência, na rua Coelho Neto, quase na esquina com as praças da Bandeira e Melo Uchôa.
            O Cine Canecão foi em seguida instalado na Praça Melo Uchôa, com o mesmo nome e com filiais no Bairro Tresidela em Barra do Corda, bem como em Presidente Dutra, Tuntum, Dom Pedro, Bacabal e Caxias.
            O Cine Apolo encerrou suas atividades no ano de 1974 e o Cine Canecão continuou até 1981.
            A título de curiosidade, o Thames, neto de Milton Nava, filho de Ilnar e Gladys, reativou no mês de abril deste ano de 2014 o Cine Canecão, no mesmo local na Praça Melo Uchôa, usando equipamentos modernos, inclusive com projeção em 3D.
            O jornal ‘O Pássaro’, que circulou em Barra do Corda no período de 1974 até o final da década de 1970, com edições semanal aos sábados, foi fundado com a efetiva participação de Milton Nava, que foi o primeiro incentivador, haja vista ter sido criado pelos seus filhos Sérgio Murilo, Paulo Roberto e Hamilton, além de seu sobrinho Denys (filho de José Nogueira Arruda- o Duque de Giz e Guaracy Milhomem); e do amigo Antonio Carlos Gomes Lima, nosso querido jornalista Pipoca. Em seguida houve o incentivo e participação do Professor Galeno, que foi de fundamental importância. Ressaltamos ainda que para o sucesso do periódico aqui citado houve a participação de vários colaboradores, sendo que destacamos o Dr. Sebastião Bonfim, Juiz de Direito do Estado do Maranhão, quando ainda era estudante em Barra do Corda.
            A partir do ano de 1974, os filhos do segundo casamento foram morar em São Luis, na busca de profissionalização em curso superior, sendo que todos lograram êxito, tendo ido morar cada um em cidade diferente.
            Continuam residindo em Barra do Corda sua filha Gladys, esposa do Ilnar Pacheco e os netos George e Júlio César (filhos da Leda, in memoriam).

            Milton mantinha com seu concunhado José Nogueira Arruda, o Duque de Giz, uma amizade profunda, sendo quase um ritual o encontro na residência do Duque de Giz, no final da tarde para conversarem e tomarem o tradicional café, com a participação de vários outros amigos, tais como o Pavão, José Simião Torres (Coletor de Rendas do Estado), Henrique Orleans de Queiróz, Agenor e várias outras pessoas.
            No final do ano de 1987, seu concunhado José Nogueira Arruda – o Duque de Giz – faleceu vitimado de diverticulite. Em seguida Milton perdeu sua esposa Conceição Milhomem, que faleceu no mês de fevereiro de 1988, de câncer no seio.
            Com o falecimento da esposa e do amigo, Milton Nava passou a sair muito pouco, ficando a maior parte do tempo em casa.
            Milton, com exceção de ter trabalhado quase no final da década de 1950 em Porto Franco/MA e no início da década de 1960 no Rio de Janeiro, haja vista ser funcionário público federal, dos Correios e Telégrafos, viveu em Barra do Corda desde o seu nascimento, em 09 de outubro de 1914 até o seu falecimento em 28 de outubro de 2002.
            Agradecemos pela leitura desta pequena homenagem ao nosso pai Milton Nava.
            Saudações,
            Gladys, Leda (in memoriam), Maria das Graças, Wanda, Milton Filho, Hamilton, Paulo Roberto, Raul e Sérgio Murilo.


*Paulo Roberto Milhomem é Engenheiro Agrônomo, mora em Cuiabá (MT)

 

(9out2014)