Artigo
Histórias cotidianas
jornal Turma da Barra

*Paulo Roberto Nava


Pretende a historinha abaixo contada relatar um pouco dos casos pitorescos
 que acontecem, tanto em Barra do Corda, como em outras regiões do nosso Brasil. 
Cada história contada reflete a realidade dos fatos, porém com um pouco de sensacionalismo. 
À medida que for me lembrando ou sabendo de um novo caso,
 envio para publicação no TB

 

O barbeiro e o cliente bêbados


            Em Barra do Corda havia um barbeiro, chamado Nézio, cujo salão ficava próximo ao Mercado Público da praça Getúlio Vargas. O mesmo gostava de beber umas e outras enquanto ia atendendo sua clientela. 
            Em um certo dia o nosso barbeiro exagerou um pouco na bebida, mas mesmo assim ficou em seu salão para atender. 
            Não demorou muito chegou um cliente mais bêbado que o barbeiro e pediu que fosse feita sua barba. 
            O barbeiro não se fez de rogado, pegou a navalha com uma lâmina Gilette nova e caprichou no rosto do freguês o retirar da barba. 
            Em virtude de sua embriaguês, tanto tirava a barba como ia cortando o rosto do outro bêbado.
            Após concluir seu nobre ofício, o barbeiro perguntou se o cliente queria que passasse álcool, água ou talco, ao que o mesmo, com o rosto todo cortado, pediu um copo d’água; o Nézio não entendeu o motivo do pedido, mas atendeu de pronto. 
            O bêbado colocou a água na boca, bochechou de um lado e de outro, e respondeu: “está ótimo seu Nézio, pois não está vazando!”.

*Paulo Roberto Milhomem Nava é barra-cordense que mora e trabalha em Cuiabá (MT)

(TB3mar2012)

 

 

O pote d’água e o bêbado

*Paulo Nava

            O ano de 1978 foi de eleição geral para todos os cargos no Brasil, menos de Presidente da República, haja vista ainda encontrar-se o país sob o regime Militar.
            Um dos candidatos a Deputado Estadual era Artur Teixeira de Carvalho Filho. Como normal na época, o candidato marcou um comício em um dos povoados de nossa cidade, levando vários correligionários, sendo um deles o nosso saudoso José Nogueira Arruda, o Duque de Giz
            Após o Comício, o Duque de Giz resolveu ir deitar-se, já tendo sua rede de dormir sido armada na casa do morador onde ocorriam as festividades. Não demorou muito e começou a chegar pessoas bêbadas para beber água, sendo que dirigiam-se até o pote d’água que estava no fundo do dormitório. 
            Após algum tempo a água do pote esgotou-se, onde quando chegava uma pessoa para procurar água, mergulhava a caneca de alumínio até o fundo do pote, fazendo um ruído que incomodava os que estavam deitados, principalmente o Duque de Giz. 
            Visando acabar com aquele incômodo, o Duque de Giz resolveu colocar o pote com a boca para baixo, pois acabaria com aquela cantilena à procura d’água. 
            Mas não resolveu muito, pois o próximo bêbado sedento desvirou o pote, pondo-o com a boca para cima e meteu a caneca no fundo do mesmo, na certeza de que teria sua sede saciada com um copo cheio d’água. 
            O Duque de Giz, na sua sapiência pensou: “Vim para ajudar o parente e amigo e este incômodo faz parte do show; como não há nada a fazer, é esperar na rede até amanhecer o dia e retornar para os afazeres em Barra do Corda.” 
           
Sudações Cordinas

*Paulo Roberto Milhomem Nava é engenheiro agrícola, mora em Cuiabá (MT)

(TB/2fev2012/nº 4)

Serviço de alto falante de Guiratinga – MT
Dando prosseguição


           
No final da década de sessenta e nos anos 70, praticamente todas as cidades do interior do Brasil tinham seu sistema de comunicação composto de um ou mais alto falantes, com grande potência, que funcionavam normalmente depois da missa do início da noite e prosseguia até ás 22 horas. O sistema de som, com o nome de ‘SERVIÇO DE ALTO FALANTE’ supria a inexistência na época da transmissão em rádio FM, hoje normal em praticamente todas as cidades do Brasil e do mundo, e tinham como pressuposto principal o divertimento da comunidade, com a transmissão de músicas, recados entre namorados e marketing comercial.
            Em Barra do Corda quem não se recorda do nosso estimado comunicador Iriodes Ramos Mandu, nosso popular Mandu, que tanto sucesso fez com o “Sistema de Som Santa Joana D’Arc”.
            Pois bem. Guiratinga, cidade do interior do Estado de Mato Grosso, também com seu sistema de alto falantes, ali pelo ano de 1968, após o envio de uma mensagem apaixonada de um rapaz enamorado, o locutor anunciou: “dando prosseguição ao nosso programa, ouviremos com Agnaldo Timóteo seu novo sucesso Meu Grito. E colocou o LP de vinil para tocar. Ficou em seguida matutando...mas não é ‘prosseguição’, mas sim prosseguimento. Em seguida voltou com a locução e anunciou: ‘onde vocês ouviram ‘prosseguição’, queiram por favor ouvir prosseguimento. E a música continuou em seguida.
            Bons tempos aquele, em que o comunicador se preocupava com a língua pátria.
            Que bom seria se os comunicadores da Rede Globo ao pronunciar a palavra “record”, com pronúncia em inglês (no sentido de ter atingido um resultado melhor que outro anterior), também tivessem a humildade de dizer: onde vocês ouviram ‘record’ (com pronúncia em inglês) queiram por favor ouvir recorde (que é como se pronuncia em português).

*Paulo Roberto Milhomem Nava é engenheiro agrícola, mora em Cuiabá (MT)

(TB/26jan2012/nº 3)