Artigo
Barra do Corda
jornal Turma da Barra


Eduardo Galvão


O soar dos sinos pelos festejos alegres era o hino de chamada para os fieis dominicais,
As badaladas triste, cortantes de dor, o 'requiem aeternam dona eis' do irmão que partiu.


*Eduardo Galvão

Era linda selvagem vestida de matas e flores,
esplendorosa pelos critérios da criação.
Os rios entrelaçados de galhos e cipós, a floresta intocada, corpo de virgem, moça pudiga.
Era o repouso dos viventes selváticos da violência natural na cadeia da vida,
dos animais no habitat, as lontras, as onças, veados, caitetus, as cotias e as pacas;
do multicolorido dos pássaros nas matas, nas chapadas, nas veredas, nas ávores, nas lagoas e no céu,
eram vidas conjugadas para nascer e morrer em comunhão e renovação.
O homem veio pelo rio, subiu o mearim e te encontrou.
Machetes e bacamartes em punho, os nativos em frente pelas margens do rio.
Ataram as redes, acenderam o fogo no encontro das águas e disseram: aqui é bom.
A primeira fogueira, a primeira árvore cortada, talvez uma sapucaia,
o tatu, o jacú mortos.
A primeira sujeira causada pelo homem, os seus dejetos;
sacos bornais, cinzas de fumo, e restos de alimentos.

Do topo da serra viram o abraço de amor,
o rio se entrelaçando, a mata verde e o clima bom.
Fincaram piquetes e a demarcaram.

As matas e as flores, o capim e as cordas do rio das cordas desapareceram,
ficou a cidade, Barra do Corda.


*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada 

(TB12ago2014)

 

Artigo
Rio Corda e Mearim
jornal Turma da Barra


O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. (Fernando Pessoa)

*Eduardo Galvão

            Deslizando suavemente entre morros, circundando as colinas e florestas, corre os rios Corda e Mearim, alimentando e matando a sede das vidas dependentes de suas águas. Hoje, embora maltratados, envenenados e ferido de morte, ainda seguem em sua caminhada milenar em direção ao mar.
            O Mearim é rio pai, com personalidade forte, sério, sempre preocupado com as famílias que vivem nas suas adjacências, dando meios para a população ribeirinha encontrar o alimento, transportar as riquezas, matar a sede e produzir o progresso das vilas e cidades que ele banha.
            O Rio Corda de águas frias, é alegre e brincalhão, é lindo como uma jóia. Parece um moleque saltitante que chega correndo, como se tivesse emoção, extravasa, abraça a cidade agradecido pela homenagem, uma apoteose de chegada em sua Barra, Barra do Corda.
            Contente, ele penetra profundamente nos braços fortes do Mearim, como uma noiva encontrando o seu par. As águas cordina frias e claras e as do mearim quentes e levemente barrentas, se unem em um abraço eterno que os tornam um só corpo, um casamento perfeito de comunhão total de bens.
            Rio Mearim da Ilha dos Amores, dos piquiniques alegres, das bricadeiras sem fim, ainda me vejo sentado sob uma sombra com a lata de frito nas mãos, um banquete.
            Rio Mearim do Araticum “dos sonhos meus”, o som saudoso dos saxofones dos irmãos Araújo ainda ecoam através do tempo. Ainda ouço as palmeiras se tocando movidas pelo vento e os pássaros em coro das manhãs claras, completando o festival.
            O Porto mararilhoso, que o Araticum outrora tinha, calçado com pedrinhas coloridas, onde o Seu Alexandre, da Dona Macrina, nos seus desvaneios, procurava diamente; o tabocal no canto direito, lindo, musical, aconchegante, onde debaixo de sua sombra pescavamos piaus.
            O Rio Corda, de outros encantos, das cachoeiras, das itaipavas, do cheiro gostoso das resinas das árvores que margeavam o rio. Das Aldeias indígenas do Baixão do Peixe, da Mangueira e Sardinha, era o meu mundo na infância.
            Assim são os rios de minha cidade, cada um com sua personalidade, um alegre o outro sério.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada 

(TB7ago2014)

 

Artigo
A sumaúma do porto do ‘seu’ Zé Parreão
jornal Turma da Barra


O rio passa ao lado de uma árvore, cumprimenta-a, alimenta-a, dá-lhe água...
e vai em frente, dançando. Ele não se prende à árvore.
A árvore deixa cair suas flores sobre o rio em profunda gratidão,
e o rio segue em frente. O vento chega, dança ao redor da árvore e segue em frente.
E a árvore empresta o seu perfume ao vento... Se a humanidade crescesse,
amadurecesse, essa seria a maneira de amar." 
(Osho)


*Eduardo Galvão

            O rio deslizando suavemente e a nuvem opaca do orvalho cobrindo o rio Corda nas manhãs distantes de minha infância. A água de impetuosa correria perfurava a terra em volta das raízes da Sumaúma gigante do Porto do Seu Zé Parreão.
            Árvore frondosa, galhos possantes como braços hércules, no entanto garbosa, delicada com as flores de fibras finíssimas, brancas em explosão, que caiam suavemente sobre as águas, amparadas com carinho e carregadas rio abaixo.
            Às seis horas da manhã eu avistava, na fantasias de criança, a bela e dominante Sumaúma, como porta estandarte, que se sobressaía das outras que margeavam o rio, tinha bailado cadenciado pela força do vento, no ritmo da música do som das folhas dançantes quando se tocavam alegremente. Nesse bailar nos ventos, capuchinhos brancos das flores se soltavam, flutuavam entre os galhos, parecendo uma noiva na festa de casamento.
            O tabocal, a ingazeira, dezenas de outras árvores que não sei o nome, povoavam as margens do rio cheiroso e alegre cordino. Era a vida explodindo, alimentada e alimentando. Os voadores, os piaus cabeça gorda, as pequenas pacus, piabas duras, mandi mole e outros peixinhos completavam a população de viventes, era conjunto da vida em dependência.
            Também as mães, Dona Maria do Seu Virgílio, Dona Maria do Seu Zé Irineu, Dona Raimundinha do Seu Raimundinho Nava e a Dona Santa do Seu Edelvirgem, outras mães e as jovens; a meninada e os adultos desciam para porto do Beco da Sumaúma, para matar a sede, lavar, arear, banhar, na dependência de uma só mãe.
            Saudosa sumaúma, quarenta anos depois, te vi triste, com o caule frágil, galhas e folhas sem o vigor de outrora, parecia chorar e sofrer. As outras árvores então ditosas, que te ajudava a viver, morreram ou foram cortadas, queimadas; os peixes que viviam a se alimentar de suas raízes e dos bichinhos que posavam nos seus galhos, o homem comeu.
            Como você, querida Simaúma, a festa de minha geração esmaeceu, a brisa já não faz música como outrora, tu, como eu, já não tens elasticidade para o bailado. As águas já não são cristalinas, tudo mudou, morreu ou partiu. Agora é recomeço, o bailado das gerações passadas não entende a dança de agora. É a vez deles de dançarem em frenesi. A vida não pára, não pode parar.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada 

(TB29jul2014)

 

Artigo
Ao som da itaipava
jornal Turma da Barra


Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
(William Shakespeare)

*Eduardo Galvão

            Como é tão bom estar
aqui, no outono, e poder falar daquele tempo... Vem em nossas memórias episódios alegres e tristes envolvendo família, parentes e amigos queridos.
            Naquele tempo, na curva do rio Corda, o som da Itaipava era música de ninar para relaxar e dormir, carícias do canto lindo da mamãe natureza.
            Som de cabaça indígena, flauta rústica, que parecia encantado, e nas noites escuras apertava os nossos corações de criança medrosa dos bichos fantásticos, das lendas que os índios contavam. Oh noite de lua! Aluminava nossa alegria de brincadeiras de crianças na aldeia canela da Sardinha.
            Nossa casa de palha, paredes de taipa, construída pelo pai caprichoso. Ele rebolcava as paredes, caiava depois de branco com os detritos dos cupins. Pai! Pai! Ainda estou aqui! Lembrando de ti, ainda ouvindo a alegria da criançada nas pescarias e de quando  levantávamos cedinho para acompanhar quando ordenhavas o leite quentinho.
            Era o tempo do exílio canela, ouvia-se o choro alto, o desespero dos parentes de verem os corpos inertes, queridos. A saga dura da vida, pela mudança repentina da chapada para o carrasco seco, triste. A fome e doenças. O povo fatalista, continuava alegre, magro, as vezes esquálidos, pela brutalidade do desprezo das autoridades.
            O barulho da mata, em noite de chuva forte, parecia espíritos maus pelos gritos espavoridos das aves noturna.
            Outra morte, outro dia, são apenas corpos inertes cobertos de esteiras de palhas de buriti. Procissão de aflitos de um povo bravo esquecido, pela violência do dia a dia.
            O som da Itaipava. Outro raiar do sol, devagarinho se levanta e vai iluminando os corações.
            Os gritos alegres, às 6 horas da manhã, descendo para o banho matutino de todos os dias.
            Novo dia, nova vida que se inicia, da preparação das festas, das tradições, é a cultura de um povo bravo que poucos entendem.


*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada 

(TB22jul2014)

 

Artigo
O sonho do professor
jornal Turma da Barra


“Ó formosa cidade modelo
Dos teus filhos, o amor, o desvelo
É uma benção por Deus concedida,
Vinde todos unidos lutemos
e a vitória do bem alcancemos,”.
(Olympio Cruz)

 

*Eduardo Galvão

            As cidades existem desde os tempos r
emotos, mas foi na modernidade que surgiu o urbanismo. A história nos conta que no século XVIII, durante o iluminismo, apareceram pessoas preocupadas com o planejamento das cidades e  as imaginaram como fossem organismo humano saudável, “com ênfase a tudo que facilitasse a liberdade de trânsito das pessoas e seu consumo de oxigênio, imaginando uma cidade de artérias e veias contínuas, através dos quais os habitantes pudessem se transportar tais quais hemácias e leucócitos no plasma saudável”
            Em Barra do Corda não queríamos tanto, apenas que houvesse um planejamento que fosse seguido, dando ênfase ao saneamento básico e à promoção da saúde pública e o conforto. Queríamos a educação elementar e secundária, com ênfase no treinamento de professores para valorizar a educação e o gosto pelo estudo. Que fosse, também, a cidade, modelo na educação superior com faculdades, federais e estaduais, com ensinamento dirigido para o desenvolvimento maranhense.
            A Barra do Corda dos sonhos, seria uma cidade com centro de excelência na área de pesquisa na agricultura, valorizando o arroz (nosso símbolo) e o algodão, que já foram grandes riquezas no município. Teria assistência técnica e  apoio aos pequenos e médios agricultores; modernização das vias de escoamentos da safra agrícola, assim como infraestrutura de armazenamento de cereais.
            Barra do Corda será modelo quando os administradores da cidade implantar  políticas de desenvolvimento, com ênfase no emprego, trazendo e facilitando a instalação de empresas e fábricas, como polo de desenvolvimento, com políticas de incentivos e oferecimento de infraestrutura adequada.
            Professor Galeno Brandes,  tu sonhavas com Barra do Corda modelo e que decretou a lei municipal, nr. 3/67, instituindo o símbolo da cidade, a bandeira  significando nossas belezas e riquezas, e  o  poeta Olympio Cruz as declamavam:  “Ó formosa  cidade modelo dos teus filhos, o amor, o desvelo é uma benção por Deus concedida, vinde todos unidos lutemos  e a vitória do bem alcancemos”.
            O sonho ainda não se realizou Professor, durante mais de quarenta anos permitimos pessoas desqualificadas assumirem o poder, e algumas delas eram criminosas. Eles destruíram o seu sonho de progresso, que é o sonho dos cidadãos cordinos honrados.
            Os seus alunos mais brilhantes, Professor,  partiram da cidade por falta de oportunidades e hoje fazem sucessos mundo afora. Não puderam voltar, embora todos sintam  grande saudade e o desejo de que Barra do Corda seja uma cidade modelo.


*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada 

(TB17jul2014)

 

 

Artigo
Felicidade, uma oração
jornal Turma da Barra

"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (1Cor. 13:4-7)."

*Eduardo Galvão

            Que coisa linda ouvir, logo cedo, antes da saída para o trabalho, a vozinha carinhosa: papááá, papááá. Vem a pequena com os bracinhos abertos, você aperta e abraça, beija... ummmmmmmm! gostoso!
            Depois que os meus filhos cresceram, seguiram os seus caminhos, jamais imaginei pudesse novamente curtir, com prazer maior, esses momentos lindos. Oh! Senhor, sei que não mereço, mas és misericordioso!
            Deus quis que houvesse uma mudança de 380 graus em minha vida, assim aconteceu e o recomeço recebo como um presente  no outono de minha existência, uma nova  oportunidade de vida.
            Peço ao Onipotente me dê vida longa para que eu possa educar minha filhinha como fiz com os outros três filhos: as duas filhas, Deus permitiu tivessem uma boa educação formal e, agora casadas, estão felizes. Pedro Galvão, ainda jovem, um homem responsável, carinhoso, bem educado e com um futuro brilhante. Obrigado Senhor!
            A felicidade é simples é companheira do amor e este é o combustível que dá força para superar os momentos difíceis. A harmonia na música transmite a beleza da melodia, a harmonia no lar irradia o amor, o carinho e o respeito.
            Somos frágeis, influenciáveis, mas quando tememos ao nosso Criador ficamos protegidos e abençoados. O mal não chega até nós por vivermos em ambiente de luz e o Espírito de Deus nos protege não permitindo que as influências negativas se aproxime.
            A grande felicidade é poder respeitar e ser respeitado, receber e dar carinho, amor e poder contribuir positivamente,  através do nosso trabalho,  para que maior número de pessoas possam ser beneficiadas pelos nossos esforços. No trabalho, no  lar, andando na rua é necessário darmos testemunho cristão. Respeitar a vida, as pessoas e as coisas.
            Amanhã Senhor, a ti pertence, um dia de cada vez, hoje estou feliz e quero irradiar essa felicidade e gritar para todos os cantos que o Senhor é o único Deus, não há outro e todas as glórias de pertence. Amem!

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada 

(TB8jul2014)

 

Artigo
Adeus a Lourival Pacheco
jornal Turma da Barra

"Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós."
(Amado Nervo)

*Eduardo Galvão

            Ouve-se o choro baixinho e os soluços esparsos, mas não se imagina a dor profunda e a sensação de impotência que abate depois da perda de um parente ou amigo querido. Os sentimentos são confusos em relação a morte, quando ela chega em nossa porta, ao olhar o corpo inerte da pessoa querida, desabamos.
            Quando vejo esse sofrimento,  embro-me sempre da obra-prima Michelangelo, Pietá. Vejo a mãe trespassada de dor com o filho morto no colo, o olhar perdido e de abandono, mas vejo também a resignação daquela mãe por ter seu filho cumprido a vontade divina. Ela reconhece a grandeza e a inevitabilidade do acontecido, como assim também deveríamos fazer.
            Tudo foi predestinado antes da criação do mundo, não cai uma folha na terra sem que esteja sob o controle de Deus. O Senhor abençoou o Lourival Pacheco com uma vida longa e lhe deu um caráter bom e uma grande família. Deus também quis que ele fosse destaque em nossa cidade e que fosse modelo de pai de família e de homem público.
            Está escrito na Bíblia, os mortos não se comunicam com os vivos e nem é mais possível corrigir o que foi feito enquanto vivia, ou seja,  as suas vitórias e derrotas, acertos ou erros ficam neste mundo, no entanto, o legado é eterno e sobre ele vamos nos entender no momento predestinado. O Seu Lourival, como escolhido de Deus, foi para a casa celestial e o seu nome ficará de exemplo para a família e para a comunidade que ele amava.
            As águas continuarão a cair sobre as pedras da cachoeira grande e o Rio Corda seguirá até o abraço ao Rio Mearim e este no seu curso até o mar. Não se pode parar, nada pode ser feito sobre o que foi traçado por Deus. Assim é a vida e a morte.
            No Castelo de Giz, na Prefeitura, na Praça Melo Uchoa e da Bandeira, nas ruas bem traçadas da cidade e nas festas populares, sentiremos muita saudade. Nos consola o poeta na frase "aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós".
            Os sinos da Matriz tocam o luto pelo Seu Lourival, são badaladas tristes, mas ao mesmo tempo é de alegria e de resignação: é a renovação da vida e a  missão bem cumprida.  Senhor Lourival, sei que não me ouves, mas desejo que a casa do Senhor seja a sua morada eterna! Amém! 

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada 

(TB1jul2014)

 

Artigo
Balaio de gatos e ratos
jornal Turma da Barra

'É José
Esta vida é um barato
Agora o gato e o rato
Estão comendo no mesmo prato
O gato dá queijo pro rato
O rato dá peixe pro gato

........................

Hoje os dois vivem juntos
Afanam de parceria
A dupla está formada
Um rouba e o outro vigia'
(Martinho da Vila)

*Eduardo Galvão

Sinais dos tempos: advogado de um corrupto, que se encontra preso, vai ao Supremo Tribunal Federal achincalhar a maior autoridade daquela Corte. Segundo a segurança do Tribunal, o referido advogado encontrava-se com sinais de embriaguez - ou melhor tomou umas para ter coragem de 'zoar' o Ministro Joaquim Barbosa.

Não existe mais disfarce para a criminosa arte de roubar o erário público, os candidatos não sabem fazer política, simplesmente enganam os eleitores com o próprio dinheiro que se destinavam aos investimentos a favor da população, ou melhor, eles vendem os projetos de saneamento, estradas, saúde etc. em véspera de eleição.

A luta à moda da máfia também envolve família, vale-tudo, inclusive quebrar barreiras morais, sendo que aquelas pessoas que já eram mal-educadas de pai, mãe, avô e bisavô entraram na glória. Elas falam em sua cara: pode me processar, pois sabem que não vai dar em nada.

Não culpo apenas do PT, mas quero deixar claro que o ápice da servegonhagem aconteceu com o Partido dos Trabalhadores no poder; a instituição presidência da república, governo, estadual e prefeitura, foi jogada na lona da vulgaridade, inclusive com suspeitas de negociatas no próprio Gabinete presidencial.

Graças a Deus, já não existe espaço para os militares golpistas e ditadores, não há lugar para conspiradores. O próprio mundo político mundial não favorece a tomada do poder nos molde brutal da direita.

Uma corja de aproveitadores que se dizem da esquerda inovou criando a 'neoditadura'. Ou seja, com os próprios recursos públicos manobraram os milhões de descamizados-marginalizados e liberaram as amarras da corrupção, para obter maioria fabricada, criando aparência de democracia na votação de leis que são couraça de proteção para eles mesmos, para continuarem sem riscos.

No microcosmo Barra do Corda, os chupins se preparam, a cada eleição, para continuar na vida boa que sempre tiveram, sugando os parcos recursos que chegam na cidade. Esses próprios recursos também são utilizados para fazer 'bondade' que resultam em votos. Não há interesse e nem vontade de fazer nada pela cidade, oferecem migalhas para a população nas vésperas de eleições.

As pessoas de bem de afugentam-se da política por saber que ela foi dominada por pessoas inescrupulosas e preferem pagar o preço do que ter seus nomes metido no balaio de gatos e ratos.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada 

(TB24jun2014)

 

Artigo
Reencontros
jornal Turma da Barra

"E você vive por motivos, razões e circustâncias que em algum momento da vida...parecem inúteis,
 em outros momentos você diz foda-se e segue". 
Pablo Salomão

*Eduardo Galvão

            Domingo chuvoso, chuvinha mansa do tempo de minha infância; a mesma sensação de abraço e acalento. Ai, felicidade saudosa! Emoções simples e poder reparti-la com as pessoas que se ama num café da manhã na varanda.
            Lembranças. Períodos e tempos riscados no calendário da agenda da vida. Está morto. Mesmo assim acreditamos na possibilidade do reencontro passeando por onde fomos felizes, visitando a mesma casa, o mesmo rio onde nadávamos, mas não encontramos nem o eco do passado, além da ausência dos personagens, a própria paisagem é outra e o clima também. Não há como reviver.
            Ficamos ricos. As histórias vividas servem de suporte, lições aprendidas com muito custo e sofrimentos necessários para poder chegar no atual momento podendo distinguir, ou pelo menos saber dizer sim ou não. Como deve ter sido feliz Salomão por ter recebido a sabedoria como dom!
            Mas Deus nos deu a capacidade de reviver através das lembranças, reencontrar os erros e acertos, passagens boas ou más, para servir de parâmetros de nossa felicidade ou infelicidade; checar os nossos erros e as consequências e descobrir se foi boa ou cruel a transitoriedade.
            Assim também Barra do Corda. Mais um personagem importante de nossa história, o Senhor Jaldo Santos, cumpriu sua missão terrena. Homem empreendedor que não visava tão somente o lucro, mas a utilidade de seus empreendimentos para o bem da comunidade que escolheu para viver. Foi um homem sábio. |
            Garotos, como o atual Prefeito, deveria ter humildade e confessar suas ignorância e estudar a história da cidade, para através dela descobrir a importância do cargo para o destino de muita gente e também perceber o que dignifica o homem, o que lhe tornará imortal na memória da cidade.
            Personalidade como o Seu Jaldo sempre terá um canto seguro na história, assim como são os artistas e os santos padres de nossa comunidade.
            Como é bom relembrar os nossos poetas, os nossos contadores de “causos”, os nossos vizinhos queridos e amigos de infância, mas também não esquecemos das pessoas egoístas e os político indignos, lixo da história.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada 


(TB17jun2014)

 

Artigo
Bolhas de sabão
jornal Turma da Barra

"Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. Quero aceitar menos, indagar mais, ousar mais. Experimentar mais. Quero menos “mas”. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais. E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha' Fernando Pessoa"

*Eduardo Galvão

            Nas últimas semanas Barra do Corda perdeu três personalidades, embora de estilos completamente díspares, influíram na política local e deixaram suas contribuições registradas na história da cidade.
            Fecha-se, assim, páginas diferentes de um diário que começou há mais de 170 anos. Uáuuu! um diário quase bicentenário guardado em um grande baú com tampa floreada conforme o 'dono' ou o administrador do momento.
            No baú estão guardadas histórias de milhares de vidas, de alegrias e tristezas, de sonhos mal sonhados e perdidos. De arrogância e solicitude, de ignorância, santa ignorância que fazia sucesso então.
            Meus pais, avôs, bisavôs e tataravôs, parece longe suas existências, longínquas perdidas no tempo. De muito suor, sol a pique de esforços mal recompensados, de amargura e choro, mas também de esperanças e sorrisos. Ôooo tempo! Tempo morto percebido com carinho pelos viventes de agora.
            Mãos carinhosas, palavras de conforto de planos para o futuro, conselhos não seguidos de uma aurora almejada. Veio a aurora, o sol do meio dia, chegamos no entardecer, horas mais adequadas para as lembranças mais queridas, quando se contam histórias de passados saudosos e sofridos.
            A música lenta têm os mesmos sons que também foram ouvidos por meus pais, no mesmo ritmo. Nossa! Dividimos agora a mesma música! O mesmo som do saxofone! A aparente eternidade é ingrata, choro contigo Eternidade, pelos parentes e amigos que se foram.
            Olha o amanhecer! Novo dia, os sorrisos de nossos filhos cheio de esperanças, de sonhos e de uma história ainda a ser contada. As nossas existências são bolhas de sabão que flutuam por tempo limitado, mas com significados eternos registrados em nosso coração.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada 


(TB10jun2014)

 

Artigo
Homens honrados da minha terra
jornal Turma da Barra

"Dedico essa crônica ao Gilson Pacheco, barra-cordense, empresário de sucesso, 
pela sua luta quixotesca para manter as tradições cordinas sempre presente.
"

*Eduardo Galvão
            
            A gerações 1920 e 30 estão nos deixando, cidadãos que marcaram época na história de Barra do Corda e outros, mais simples, que nos interligam em ramos de parentescos, cada um com suas lutas, sofrimentos e vitórias, seguindo o curso normal da vida para encontro definitivo com o fim da existência terrena.
            A geração de 1910, 20 e 30 viveram intensamente Barra do Corda, mas a maioria dos seus filhos imigraram para outras plagas e muito deles obtiveram sucesso e hoje são profissionais de renome, empresários e funcionários públicos.
            Os barra-cordenses que imigraram do interior do município para a cidade supriram o espaço dos que partiram e hoje eles dominam a política, o comércio e são eles que estão dando as cartas na cidade e tomaram lugar da elite que anteriormente tinham o comando.
            Grandes nomes da história cordina, de tradicionais famílias, se esvaeceram por terem seus descendentes optado por sonhos maiores em cidades do sul e isso retirou o charme antigo do modo de vida dos barra-do-cordenses.
            Nós da diáspora, ainda tentamos reviver a Barra do Corda do nosso tempo, homenageando os nossos líderes antigos, os clubes que marcaram época na cidade, as músicas, as ruas antigas e nos assustamos com as mudanças radicais e a falta de respeito à certos valores que para geração atual não significa nada.
            Os nossos pais, pelo seu grande amor pelos filhos, foram de encontro a eles e sentiam muita dor por viverem longe terra amada, sofriam calado ou extravasavam em poesias sentidas ou, ainda, em viagens esporádica ao torrão querido. Mas não disfarçavam o orgulho de seus filhos terem realizados sonhos por eles jamais imaginados.
            Parte em paz ‘seu’ Carlos Augusto Araújo Franco, homem honrado de minha terra, representante de uma elite que morreu há tempos. Como os piaus aracús do rio Mearim, os peixes voadores do rio Corda, no mês de maio.

Eduardo Galvão, de Campos do Jordão (SP), em férias


(TB31mai2014)

 

Artigo
Confessar e pedir perdão,
não é fácil

jornal Turma da Barra

"Lembrei-me do Anim Irineu, que havia me falado, se não contasse tudo eu poderia me engasgar com a hóstia e ir diretamente para o inferno, sem parada no purgatório. Me arrepiei todo. Cruzes! "

*Eduardo Galvão

                A maestria da professora Luciana Martins é incontestável, li com muita satisfação e com um pontinho de sorriso a crônica da  poeta (como ela gosta de ser chamada). 
                Querida Luciana, eu também passei por esse sufoco da primeira confissão. É como perder a virgindade. 
                Na véspera da minha primeira comunhão, na fila do confessionário, via sentado naquela casinha o Frei Marcelino. A fila andando e eu suando frio de vergonha de confessar minhas peraltices. 
                Pensei comigo, e se eu não contar tudo? Lembrei-me do Anim Irineu, que havia me falado, se não contasse tudo eu poderia me engasgar com a hóstia e ir diretamente para o inferno, sem parada no purgatório. Me arrepiei todo. Cruzes! 
                Chegou minha vez, ajoelhei e olhei para o Frei Marcelino, acho que eu estava com a cara engraçada de tanto medo, e falei sem esperar ele dizer as iniciais: “Frei Marcelino, eu roubo manga no quintal do convento dos padres”. 
                Ele não aguentou e sorriu e isso me “lascou” a alma. Eu queria fugir e ele notou isso e falou “tá bom Eduardo isso não é muito grave, cuidado para não cair do muro, reza três aves-marias e está perdoado”. 
                Saí de fininho de tanta vergonha que me esqueci de rezar as três aves-marias.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada 


(TB1mai2014)

 

Artigo
O nosso calvário
jornal Turma da Barra

"O Brasil aos poucos foi se tornando um país muito perigoso para viver,
legiões de maus elementos infestam as ruas e a corrupção o governo, destruindo os serviços públicos; o tráfico de drogas que formam partidos
"

*Eduardo Galvão

            Nesta sexta-feira santa, numa reflexão sobre a destruição moral de hoje em dia, ocorreu-me pensar sobre a malignidade das pessoas. Tenho certeza que a espécie humana é totalmente corrompida e que sempre tende para o mal, como um carro puxando para um lado. A misericórdia de Deus nos corrige e nos pune como filhos.
            Mas existem aqueles que são totalmente incorrigíveis, são espíritos das trevas que nasceram para destruir e em legiões atazanam e provocam sofrimentos. Eles atuam em todas as escalas da sociedade.
            O Brasil aos poucos foi se tornando um país muito perigoso para viver, legiões de maus elementos infestam as ruas e a corrupção o governo, destruindo os serviços públicos; o tráfico de drogas que formam partidos; os viciados, que necessitam roubar e as vezes matar para se manter no vício. Tudo sem controle das autoridades, mas sob o controle de Deus.
            Os mais perigosos são aqueles espíritos maus incorporados e travestidos de pessoas de bem, transitando no nosso meio se passando de bom para galgar postos importantes. Muitos deles conseguiram se instalar em prefeituras, governos estadual e federal e deles dependerem milhares de pessoas.
            Sob suas dependências estão pontos vitais da sociedade como a educação, a saúde, o emprego, o bem estar social, e às vezes, a vida ou a morte. Como falange do mal o seu principal objetivo é levar sofrimento, mas eles, por outro lado, não tem paz para gozar e aproveitar de suas riquezas conseguidas através do roubo e do sofrimento alheio. A satisfação deles é rolar na lama e levar milhares ao sofrimento, esta é a satisfação.
            "Ele se julga muito importante e pensa que Deus não descobrirá o seu pecado e não o condenará. A conversa dele é má e cheia de mentiras; ele não tem juízo e não quer fazer o bem. Ó Senhor Deus, o teu amor chega até o céu, e a tua fidelidade vai até as nuvens. A tua justiça é firme como as grandes montanhas, e os teus julgamentos são profundos como o mar. Ó Senhor Deus, tu cuidas das pessoas e dos animais". (Salmos 36:2, 3, 5, 6 NTLH)
            Como a justiça de Deus é firme, a condenação começa ainda em vida. Exemplos em nosso meio não faltam. Os vemos com famílias desagregadas, filho condenados por assassinato, perseguidos pela polícia e pela sua própria falange; doenças, dores, espírito deprimido por não ter moral e ter o nome na lama e morte. Será que vale a pena? Não é questão de valor, mas de índole.
            "Ó Deus, continua a amar os que te conhecem e a fazer o bem aos que têm um coração honesto! Não deixes que os orgulhosos e os maus (nos) pisem e (nos) obriguem a fugir. Lá estão eles, caídos; foram derrubados e não podem se levantar". (Salmos 36: 10-12 NTLH). Amém!
            E que Deus nos dê uma Feliz Páscoa! Como o sangue do cordeiro foi aspergido  nos umbrais da portas, no Egito, para evitar a morte, o sangue de  Jesus Cristo, o Cordeiro, aspergido em nós nos livrou da morte perdoando os nossos pecado. As pessoas de bom coração são os escolhidos e por eles Deus enviou o seu filho amado.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada

(TB20abr2014)

 

Artigo
Prenúncio de uma tempestade
jornal Turma da Barra


Panorâmica da ilha de Barbados
Foto de Eduardo Galvão

"Desde Janio Quadros até hoje, não houve governo brasileiro que valesse a pena citar em  rol de autoridades que mereça honra ao mérito, que tivesse conduta ilibada. O PT que era o partido da grande esperança e que se imaginava diferente, tornou-se oportunista, uma grande decepção e agora sem classificação. A cúpula histórica do Partido está na penitenciária"

*Eduardo Galvão

            A corrupção que era meio camuflada em tempos atrás tornou-se escancarada e generalizada no país. Hoje, parece que o senso moral não existe, corruptos e corruptores, uma elite que já era podre e agora também enlameada de óleo fétido do pré-sal.
            Os bandidos dançam numa coreografia macabra sobre as cabeças dos brasileiros. Os bailarinos bandidos são autoridades constituída, das empresas privadas, empresas públicas, governos federal, estadual e municipal.
            Vivemos numa situação perigosa de a qualquer momento sugir um Salvador da Pátria, fantasmas do passado, que nos traz pesadelos e arrepios das história de horror, de assassinatos, sequestrados e torturados. Esses fantasmas também dançaram sobre as cabeças dos brasileiros, amordaçados e algemados.
            Os jovens transviados não souberam defender os ideais democráticos, partiram tresloucados para uma luta destrutiva, hoje, partem para a luta de terra arrasada, como se fossem o povo vândalos da época da queda do império romano, são hordas destrutiva que lançam-se contra as cidades.
            Desde Janio Quadros até hoje, não houve governo brasileiro que valesse a pena citar em  rol de autoridades que mereça honra ao mérito, que tivesse conduta ilibada. O PT que era o partido da grande esperança e que se imaginava diferente, tornou-se oportunista, uma grande decepção e agora sem classificação. A cúpula histórica do Partido está na penitenciária.
            Fazem anos que o cidadão brasileiro não tem tempo de respirar depois de um escândalo a outro. É lamentável que a Petrobras, uma empresa muito querida pelos brasileiros, esteja nas mãos de calhordas irresponsáveis que delapidam o patrimônio da empresa. Não existe limite na ganância da súcia destruidora das riquezas nacionais em proveito próprio e dos Partidos que apoiam o desgoverno.
            É, também, ainda mais do que lamentável ver o poder judiciário brasileiro ser esculhambado a propósito, para favorecer os criminosos de colarinho branco: a decisão de primeira instância não tem nenhum valor, a de segunda também não. Então, a pergunta, porque existem essas instâncias? Que santa inocência a minha!
            Os sujeitos condenados por corrupção, como conhecemos tantos, ficam por aí corrompendo mais, mandando, influindo e fazendo lobby de até de dentro das celas penitenciárias. O Brasil é terra arrasada, a sede dos governos, federal, estadual e municipal funcionam como cavernas de Ali Babá.
            O que me preocupa são os juízes Supremos que se consideram semideuses. Eles não têm de prestar conta a ninguém, nem às suas consciências. Você acha que um iluminado que chega ao STF, sem nunca ter sido juiz, por ter sido reprovado em concurso público, pode ser confiável? Ou aqueles juízes que o ParTido indicou para mudar uma decisão já tomada? São confiáveis?
            Agora pense: o sujeito que está na Prefeitura, vendo o outro  prefeito condenado por roubo, na boa vida, gastando a riqueza adquirida na corrupção e com a possibilidade mínima de cumprir pena, não se sente estimulado a também meter os pés pela cabeça? Dizem, inclusive, que o pai do atual Prefeito, de repente, começou investir muito na área imobiliária. Isso não quer dizer nada, necessariamente.
            E assim vamos vivendo em um país mais injusto e antidemocrático do mundo, onde as decisões são tomadas em favor de poucos. Não adianta pedir a renúncia dos lalaus, o sistema político foi engendrado para que eles permaneçam no poder. É dificil desarrear a súcia do poder.
            Vejam, quantos anos os "políticos" maranhenses estão mandando e desmandando? Não há jeito de de apeá-los.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada

(TB15abr2014)

 

Artigo
Chicago anos 1930
jornal Turma da Barra

'Os ladrões de galinha de antigamente morreram todos. Agora, com o tal de progresso, os ladrões sofisticaram, mandam matar, bater por qualquer coisinha e fica por isso mesmo. Advogado desses bichos vale mais que juiz: manda soltar e ainda dá reprimenda no delegado'

*Eduardo Galvão

            E aí o cara ficou verde, depois amarelo e o colega, o vendo desnorteado, perguntou:
            - Que foi Antonio?  “Foi mais uma ameaça”, falou Antonio colocando o celular no bolso e num tique nervoso alisava o cabelo. Não foi a primeira vez que recebera telefonema de ameaças.
            Um parente já lhe tinha prevenido de que estava mexendo em casa de marimbondo.  “Rapaz, quem rouba e mexe com tráfico é capaz de mandar matar. Toma cuidado em criticar essa gente, eles querem ficar rico aproveitando a onda e por isso são capazes de tudo”.
            Antonio, saiu alisando sobre a calça o telefone que se encontrava o bolso. Desceu rua, ia  pensando no que fazer, pois o aviso fora direto e frio, como se algum profissional estivesse no outro lado na linha.
            A cidadezinha, outrora um paraíso, nos últimos vinte anos, transformara-se numa terra de ninguém, ou melhor, de poucos donos. A população, anteriormente ativa e descontraída,  agora anda assustada, temendo até a sombra. Ninguém tem coragem de lutar por seus direitos, duas coisas podem acontecer perder o emprego ou aparecer na vala.
            Os ladrões de galinha de antigamente morreram todos. Agora, com o tal de progresso, os ladrões sofisticaram, mandam matar, bater por qualquer coisinha e fica por isso mesmo. Advogado desses bichos vale mais que juiz: manda soltar e ainda dá reprimenda no delegado.
            As brigas de botequim, de outrora, terminava em facada. Hoje em dia se resolve no tiro, na força bruta de profissionais de gangues e de traficantes. Nesse sufoco vivem, e outras morrem, ou levam sova por quase nada.
            - Terra de ninguém essa sô! Teme-se que os poderes estejam infiltrados, o executivo, legislativo e judiciário está dividido entre “brothers”. Ou melhor, é a mesma coisa, tudo no mesmo saco.
            Defensoria pública?
            - Ah! Deixa de gozação!


*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada

(TB25mar2014)

 

Artigo
Não dá para acreditar, 
mas é verdade!

jornal Turma da Barra

Que cara de pau o prefeito Erick Costa! 
Arrendar, por 15 anos, um complexo educacional, patrimônio do município, para uma UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR particular. Tudo no maior silêncio

*Eduardo Galvão

            Barra do Corda! Barra do Corda! O que fizeste para merecer prefeitos tão suspeitos, competentes na arte de enricar tirando proveito dos recursos destinados para o bem de teus filhos!
            Barra-cordenses, barra-cordenses! Porque estão apáticos e desinteressados com sua cidade? Estudantes, funcionários públicos, comerciantes, profissionais liberais, dona de casa, pais de família, levantai-vos contra os que querem tirar vantagem dos recursos públicos, em favor do interesse particular!
            Não acredito! Mas meu sentimento é este agora, estou com saudades do Nenzim! Que cara de pau o prefeito Erick Costa! Arrendar, por 15 anos, um complexo educacional, patrimônio do município, para uma UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR particular. Tudo no maior silêncio, não se sabe se essa instituição vai pagar alguma mensalidade ou se o arrendamento é gracioso. Um presente do Wellryck Costa!  Ele é muito “bonzinho” com o dinheiro do município.
            Que investigação foi feita para saber da idoneidade da instituição de ensino superior, ou dos cursos que poderão ser oferecidos? Essa Unidade de ensino oferece laboratórios, biblioteca de porte e outras facilidades para os estudantes de nível superior?
            A população não foi informada, não sabe nada a respeito. Qual o interesse do Prefeito em não debater o assunto? Será que tem algum laranja por trás disso? Claro, mais dias ou menos dias a sujeira virá à tona, nada ficará encoberto para sempre. Todos sabem disso, mas alguns contam com a impunidade.
            Estudantes, como deixar isso barato? Vocês não se encolerizam com os vereadores que votaram em massa para aprovar o  projeto do Prefeito, com exceção do Vereador Paulinho Bandeira e Nilda Barbalho?
            Este é um esquema que eu chamaria mais que criminoso, pois sacrifica os estudantes de Barra do Corda, privilegiando apenas quem tem dinheiro, em detrimento de milhares de alunos que estudam com sacrifício e não tem condições de pagar uma  mensalidade de R$ 700,00, por mês.
            Vejam que Beleza de Projeto do Prefeito, e os vereadores aprovaram galhardamente, tudo pelo  “social”! Veja o projeto:
Clique aqui

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada

(TB13mar2014)

 

Artigo
Pra quando o carnaval chegar
jornal Turma da Barra

Dedico esta crônica ao saudoso e querido Paulim Irineu. 
Embora tenha ficado cego, era um dos líderes de ônibus mais animado, que partia de Brasília para o carnaval em Barra do Corda

*Eduardo Galvão

            Durante a proximidade das festas carnavalescas era aquele ‘frisson’ entre a comunidade barra-cordense em Brasília, ficavam excitados pela possibilidade de viajar para Barra do Corda e extravasar a saudade durante as festas.
            Era uma animação total, grupos de amigos partiam em caravanas de ônibus que saiam de Brasília, São Paulo e de outras cidades, com destino a terra amada. Eram rapazes e moças, mas também famílias, que enfrentavam mais de dois mil quilômetros pelo prazer de rever a terra amada e brincar com os conterrâneos.
            O excitamento não era somente pela festa, mas rever os amigos, os familiares e os bailes que aconteciam na periferia e em clubes da cidade. A folia de rua até hoje atrai multidão, como se dançasse com a própria cidade. Eram nessa oportunidades que os amigos de infância se encontravam para longos banhos no rio Corda. Ou seja, um reencontro com o passado, regado com muito álcool.
            Os expatriados de Barra do Corda tanto fizeram que a festa carnavalesca  de Barra do Corda virou um evento maior, considerada uma das melhores do Maranhão. Aqui cabe uma observação, concorde, ou não, o ex-prefeito Nenzim muito contribuiu, para o evento tornar-se melhor e organizado, construiu, inclusive, a praça do Samba.
            As caravanas eram recebidas na porta da cidade e a partir daí o grito de abertura oficial. As pessoas se sentiam bem vindas e se hospedavam em casas de parentes ou amigos. Os visitantes, parentes ou não, eram acolhidas com satisfação e davam pouco trabalho. Na partida, tristeza por deixar a cidade, a ressaca homérica e a perspectiva de ter que suportar mais de vinte quatro horas de viagem de ônibus.
            Valia a pena.  Naquele tempo os foliões se sentiam seguros e a cidade ficava mais bem policiada durante o carnaval. Quase nenhum incidente negativo acontecia, salvo aqueles próprio da cachaça. Nesse sentido, viva o Nezim! Muito embora pairasse no ar a suspeita de falcatrua nos contratos com as bandas, por causa da meninada peralta do Nenzim.
            Não sinto empolgação para o carnaval deste ano ano em Barra do Corda. Os coordenadores da Secretaria de Turismo não informa, ninguém sabe, ou seja, falta profissionalismo, além pairar a mesma suspeita de superfaturamento, mas agora em uma situação de incompetência.
            O que é mais terrível, a violência tornou-se cotidiana, deixando todo mundo inseguro de participar de uma festa organizada por amadores. Ninguém sabe se haverá algum esquema especial de segurança durante o período de festas.
            Ainda bem, existem famílias barra-cordenses como os Pachecos, os Ferreiras e muitos outras que agregam e amam a cidade. Eles não desistem, lutam contra a má vontade da administração local e fazem o carnaval maravilhoso como festa de família, com o gosto de outrora.
            O pessimismo tem gosto de derrota, o espírito de alegria do nosso povo é maior, inclusive para superar a decepção de uma administração que é arrogante e que está afundando a cidade.
            Os violentos são também vítimas, do desprezo do poder público que não tem política social e a cada dia vemos na cidade mais malucos drogados, causando horror às famílias, inclusive deles próprios. Eles roubam esfaqueiam e matam, mas também são vítimas da polícia corrupta e dos traficantes, um ciclo.
            A violência não vai atrapalhar a alegria do povo barra-cordense,  esta é a característica no nosso povo. Bote os tamborins pra rufar!

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada

(TB25fev2014)

 

Artigo
Atitudes odiosas
jornal Turma da Barra

“Em religião, o ódio esconde a face de Deus. 
Em política, o ódio destrói a liberdade dos homens. 
No campo das ciências, o ódio está a serviço da morte. Em literatura, ela deforma a verdade”.
(Do escritor Elie Wiesel)

*Eduardo Galvão

            Foi amplamente noticiada a agressão racista que sofreu no Peru o meio volante do Cruzeiro Tinga, que jogava uma partida contra o Real Galiciano. A turba de agressores, torcedores do time de futebol local, tentou humilhá-lo fazendo gestos e sons imitando macaco toda vez que o jogador tocava na bola.
            A atitude racista, de alguns peruanos, se junta a outras de falta de tolerância racial que acontece nos estádios de futebol no mundo afora. A cor da pele ainda incomoda muitas pessoas fracas de espírito, por isso o Cruzeiro e a CBF não deve ser condescendentes com o time de futebol peruano e exigir punição rígida.
            A respeito, o escritor Elie Wiesel definiu muito bem as consequências do ódio, que é a origem de todas atitudes de intolerância e que tem causado muito estrago na humanidade:
            “Em religião, o ódio esconde a face de Deus. Em política, o ódio destrói a liberdade dos homens. No campo das ciências, o ódio está a serviço da morte. Em literatura, ela deforma a verdade, desnaturaliza o sentido da história e encobre a própria beleza sob uma grossa camada de sangue e de feiúra. Insidioso, dissimulado, o ódio insinua-se na linguagem, como no olhar, para perturbar as relações entre um homem e o outro, uma comunidade e a outra, um povo e o outro”.
            Em passado recente, eram comuns os comentários e piadas racistas que muitos gaiatos faziam, sem saber a dimensão do sofrimento que causava aos negros, gays e outras minorias. As piadinhas, de gosto duvidoso, sobre os negros eram do tipo: “...no Brasil só de três P`s as cadeias estão cheias; Preto, Pobre e Puta...”; e “...branco quando corre é porque está fazendo Cooper, e preto quando corre está fugindo da polícia, preto em pé é um toco deitado é um porco...” evidenciando o quando as discriminações racial e social estão incorporadas no imaginário popular.
            Mesmo agredido, o Jogador Tinga, não se intimidou, mas seu filho se abateu pela humilhação sofrida pelo pai. Mesmo assim, o Tinga, saiu com esta: "A principal diferença não é só racial. Tem a social que é tão grande, eu acredito que até um pouco maior. Espero que a gente venha a mudar isso por nós mesmos. Não precisamos esperar por ninguém, que cada um possa mudar dentro de casa, no convívio com os amigos..." Bravo Tinga! Sim, somente nós poderemos mudar nosso comportamento; lei nenhuma poderá tirar o ranço maligno das pessoas.
            Como todos sabem, o preconceito ainda é muito arraigado no Brasil e as pessoas, às vezes, saem com certas tiradas e não sabem a dimensão do que foi dito, por sempre terem visto as pessoas do seu meio familiar e de amigos a proferirem dizeres depreciativos sobre as pessoas e acharem que eram normais. Outros, no entanto, são maliciosos e falam com ódio e desprezo de forma direta.
            As piadinhas de mal gosto eram tão comuns que, com criminalizacao de atitudes e piadas preconceituosas, levaram algumas pessoas a acharem que suas liberdades tinham sido tolhidas, por não poderem fazer certas “brincadeiras” racistas e afrontosa com os “amigos”. Elas pareciam não ter noção das grosserias que faziam com os “amigos”, que muitas vezes recebiam as maledicências sorrindo, mas com o coração triste.
            Tinga tem razão, devemos cuidar de nossos comportamentos, principalmente vigiando as nossas línguas, evitando certas incontinência verbais, que muito prejudica e agride as pessoas. Precisamos educar os nossos filhos dentro dos bons princípios e dizer para eles que a beleza do mundo está na diversidade e no respeito por tudo.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em
Saint George’s - Granada

(TB19fev2014)

 

Artigo
Poço sem fundo
jornal Turma da Barra

"Queremos uma Câmara que represente a cidade, autoridades respeitáveis, que debata os problemas, sugira projetos e exija  da prefeitura ações concretas, o cumprimento das promessas."

*Eduardo Galvão

            Não há nada que a Câmara dos Vereadores de Barra do Corda faça que traga proveito para a cidade. Seja a Prefeitura ou a Câmara nada de novo nos traz, mas suspeita de jogo político de interesse pessoal. A recondução do Presidente da Mesa, por exemplo, a um ano de terminar seu mandato, está incluído no rol de coisas podres.
            Quando se imagina que a situação moral chegou no ponto limite, nossas autoridades batem mais um recorde, como se a população não significasse coisa alguma, enquanto os problemas da cidade se acumulam em arquivo morto. Temos uma Câmara sem personalidade própria, um anexo, casa da mãe joana, onde todo mundo manda.
            Por mais que se preze a democracia, não dá mais, esse modelo de representatividade está esgotado. A Câmara, assim como a administração direta, todos os portadores de cargos eletivos se tornaram antipáticos para população e ninguém tem o menor respeito por esta ou aquela autoridade, mas olhar suspeito, por baixo.
            Queremos uma Câmara que represente a cidade, autoridades respeitáveis, que debata os problemas, sugira projetos e exija  da prefeitura ações concretas, o cumprimento das promessas. Sabemos que o dinheiro é curto, mas se tivesse profissionalismo teríamos grandes efeitos benéficos para a cidade. Queremos uma reforma política já, pois ninguém conhece ou sabe direito qual a fórmula matemática para eleger um candidato.
            Claro, não queremos a ditadura, não queremos acabar com o sistema representativo, o que o povo quer é uma reforma política de forma a tornar a representatividade mais próxima dos eleitores para dificultar que irresponsáveis chegue ao poder ou exerça qualquer cargo eletivo.
            Temo, sinceramente, pela democracia. Existe uma campanha cerrada de desmoralização de nossas instituições, devido ao pouco peso das instituições em favor do país, estado e município. A reforma política se faz urgentíssima, a população está no limite da paciência com os serviços públicos ineficientes.
            O combustível está sendo acumulado, um dia vai pegar fogo, qualquer faísca transformará em incêndio de grandes proporções.


*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em
Saint George’s - Granada

(TB12fev2014)

 

Artigo
A punição dura e certa
Parte 2
jornal Turma da Barra

"Jabez invocou ao Deus de Israel, dizendo: Oxalá que me abençoes, e estendas as minhas fronteiras, que a tua mão seja comigo e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha tristeza. Deus concedeu-lhe o que lhe tinha pedido. (1 Crônicas 4:10 NVI)"

*Eduardo Galvão

            Eu soube através de um amigo do incidente ocorrido em Barra do Corda, sábado primeiro de fevereiro, em que um jovem morreu e outro ficou ferido, depois de uma briga em um bar na cidade.Que imensa tragédia para a família! Por que a vida se tornou tão banal?
            A crítica situação moral por que passa do Brasil agravou a situação de desrespeito com a vida humana. Esta situação se deve, principalmente, às Leis confusas e permissivas. O mal exemplo das autoridades, aliada a irresponsabilidade de muitos, agravou a situação.
            As ruas das cidades brasileiras, grandes e pequenas, estão infestadas de bandidos que mantam, humilha, queima sem qualquer pudor. As autoridades são corrompidas por somas irrisória, como judas que vendem a saúde, a segurança, o progresso, por qualquer dinheiro.
            Muitos líderes religiosos cometem crimes hediondos com as crianças e adultos; outros se encantam pelo dinheiro e viram falsos profetas. Estamos passamos por uma grande entressafra de homens públicos, que aliada a demagogia, nos faz pensar que não temos a quem recorrer.
            Como criação de Deus, sabemos que Ele influi em tudo, como aconteceu em muitas ocasiões no passado com o povo Israelita, que foram castigados ou salvos pela mão poderosa de Deus.
            Na crônica desta semana, quero recorrer a Deus em oração, por não saber a quem me dirigir, pedindo que nos der alívio:
            Senhor, com as poderosas palavras de Jabez (Crônica 4:10), que pediu e o Senhor atendeu, eu também quero, humildemente, Grande Pai, que ouça as minhas suplicas:
            'Oxalá Deus nos abençoe',
            Dando-nos forças para suportar a aflição diária causada pela insegurança que vivemos, pedimos paciência para superar a difícil fase de desrespeito, de dignidade, fraqueza moral e de espírito cristão, por que passa o Brasil.
            Abençoe-nos, Senhor, a nossa saúde, física e mental, para sermos bons empregados, funcionários públicos, profissionais liberais e empresários, e pedimos também para preservar as empresas e nossos empregos e negócios, para que possamos educar nossos filhos, retirando-os do meio pernicioso e dando-lhes exemplos para que siga o caminho da honestidade, da retidão de caráter.
            'Estendas as nossas fronteiras'
            Em todas as áreas positivas, de forma que possamos adquirir sabedoria para transmitir às nossas crianças e jovens, como pais, como educadores e como cristãos, o que é bom para vida, dando-lhes testemunhos de honestidade.
            Que possamos tambem, ó Pai, dar a base para que eles alcancem graus altos de distinção, sendo bons profissionais liberais, funcionários públicos corretos, políticos honestos e que não tenham medo de lutar contra as pessoas falsas, que se disfarçam entre nós como cordeiros, mas na realidade são falsos e mentirosos.
            'Que tua mão esteja conosco'
            Nos protegendo, de nossas franquezas, para que os inimigos não nos vença e estimulem as pessoas fracas, negativas e as acomodadas a se tornarem soldados e guerreiros corajosos para realizar as mudanças necessárias e sem violência, para o bem de Barra do Corda, Maranhão e no Brasil.
            Nos proteja, também, Senhor, do egoísmo e nos ilumine com o espírito de Deus para que possamos ter inteligência suficiente para fazer as coisas certas para varrer a incompetência e os maus das prefeituras de nossas cidades.
            'Nos preserve do mal, de modo que sobrevenha a alegria'
            Fortificai-nos, Senhor, deixando-nos de fora desses grupos e quadrilhas do mal e jamais permita juntarmos a eles, para que possamos ser exemplos para os mais jovens, inculcando-os a força moral tão necessária para o desenvolvimento de nossa cidade, estado e país.
            Assim, Senhor, apelamos, finalmente, que nos fortaleça na luta que vai se iniciar, pois somente a nós cabe agir, sob sua intercessão, para tornar as nossas cidade, estado e o pais  seguros.
            Oxalá! Que cada um lute com as armas que disponha. Amém.


*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em
Saint George’s - Granada

(TB4fev2014)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
A punição dura e certa
jornal Turma da Barra

"No nosso país, somos mortos por selvagens que não receberam qualquer noção de civilidade porque os pais e as escolas são criminalizados quando punem o transgressor, deixando-os sem a ferramenta básica, que impõe o limite entre direito e dever: a punição, dura e certa."

*Eduardo Galvão

            Hoje em dia muito se fala em Barra do Corda sobre a falta de segurança pública, que está deixando as famílias apavoradas e os comerciantes apreensivos. A festa de carnaval poderá ser prejudicada devido ao aumento da criminalidade na cidade e aos bárbaros acontecimentos nas Pedrinhas.
            Muitos se perguntam, qual é o limite da anarquia que impera no Maranhão? A Justiça já era deficiente, agora se tornou uma bagunça e os criminosos não respeitam as Leis ou temem os órgãos de repressão. Tudo isso se deve ao mau exemplo dos líderes da cúpula administrativa, legislativa e do judiciário, assim também da iniciativa privada.
            No Brasil, e principalmente no Maranhão, as crianças crescem ouvindo sobre a corrupção no judiciário, dos políticos, da polícia, dos funcionários públicos, de prefeitos, de administradores de empresas públicas e privadas, como acontecimentos cotidianos, corriqueiros.
            Assim, com todo estes estímulos e os direitos excessivos, sem obrigação, põe a formação do caráter dos jovens e futuros adultos em risco. Muitos pais tentam  impor uma educação mais tradicional, com regras a ser obedecidas, com punição quando não cumpridas, mas o esforço é quase vão devidos às  próprias leis. Além disso as crianças e jovens são bombardeados continuamente por notícias de crimes que entram nos lares, noite e dia, transmitidas pelos meios de comunicações.
            O excessivo noticiário chega a ser quase uma apologia ao crime, principalmente pelos comentários além da notícia, sem ética profissional, que inculca o fracasso das leis e regulamentos, como se os criminosos "oficiais" ou não estivessem se sobrepondo a ordem e a lei, como se o Brasil fosse uma anarquia de fato.
            A democracia brasileira está em risco, devido a fraqueza do sistema jurídico e judiciário brasileiros que tem origem nas leis permissivas e obscuras, que aparentemente defende a liberdade, mas na realidade está levando o país ao caos, por não determinar claramente a responsabilidade dos indivíduos.
            A autoridade das escolas, como co-responsável pela educação de nossos filhos, está prejudicada pelo liberalismo criminoso que permite o direito sem a obrigação, o crime e o erro sem punição. Estamos agora colhendo o resultado disso tudo: empresários corruptores e líderes públicos corruptos. Aliás, a fraqueza de caráter e quase geral, vai do humilde empregado até a alta cúpula, seja pública ou particular, numa roda viva de corruptos e corruptores.
            Aqueles que não tem oportunidade de roubar na tranquilidade, como fazem muitos prefeitos e funcionários públicos, por exemplo, se acham justificados e partem para o tudo ou nada, movidos pelo ódio contra as autoridades repressivas e às pessoas comuns. Eles matam sem necessidade, a vida para esses monstros não tem o menor valor, por se sentirem excluídos e por saber que suas próprias vidas também não vale nada nas mãos das autoridades.
            Estamos voltando à época de empalar, decapitar e colocar a cabeça das pessoas em estacas, como faziam antigamente os povos ditos bárbaros, a diferença é que eles cortavam a cabeça dos inimigos de guerra.
            No nosso país, somos mortos por selvagens que não receberam qualquer noção de civilidade porque os pais e as escolas são criminalizados quando punem o transgressor, deixando-os sem a ferramenta básica, que impõe o limite entre direito e dever: a punição, dura e certa.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em
Saint George’s - Granada

(TB28jan2014)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
O mundinho
jornal Turma da Barra

"Assim, a exemplo do Nenzim, o Erick está se tornando pretensioso, 
autosuficiente e impera uma lei no seu staff: boca calada. Ah “marvado”! Quem te conheceu um dia, um menino bonzinho que fazia tudo direitinho, agora não te reconheço."

*Eduardo Galvão

            O estilo caladinho do nosso “impoluto” Erick, lembra muito o do personagem da propaganda (antiga) da vodca smirnoff: o Bebe Quieto. Pois bem, o Quieto se dava bem e levava vantagens inclusive com as mulheres, fazia tudo às escondidas.
            O nosso Quieto, no entanto, não tem nenhuma graça, faz as coisas na moita e aparece por aí, sorridente, com cara de “de não tá nem aí”. Ou seja, como um menino danado, apronta e aparece com cara limpa, pois sem argumentos se faz invisível, na esperança de não ser criticado ou levar uma sova.
            Isso é básico, na democracia o administrador público deve prestar contas à comunidade dos seus planos e dos gastos para não deixar a população suspeitando do caráter dos seus líderes. O Erick, arrogantemente, não presta satisfação a ninguém.
            Como recordar é viver, lembro dos comentários que se ouviam nos botecos famosos de Barra, sobre o Nenzim, no início de seu primeiro desgoverno: “eles governam bem, mas a família toda é arrogante” - agora já pode ser  acrescentados outros adjetivos.
            Assim, a exemplo do Nenzim, o Erick está se tornando pretensioso, autosuficiente e impera uma lei no seu staff: boca calada. Ah “marvado”! Quem te conheceu um dia, um menino bonzinho que fazia tudo direitinho, agora não te reconheço. A política te ensinou a ser mentiroso, sonso e arrogante. Maldito poder! Você, meu filho, com essa cara de coroinha?
            Minha implicância com o senhor Erick não é pessoal, mas contra o seu governo, por eu ser povão me sinto decepcionado com as mentiras e a dupla personalidade, ou seja, duas caras: uma antes e durante as eleições e outra de agora.
            Um partidário do prefeito me acusou de querer “aparecer” com as críticas que faço ao seu ídolo e acrescentou que me sinto apagado por o TB de não ter leitores. Pergunto, como ele sabe disso? Se ele, criminosamente, retirou minha foto do TB e colocou no facebook com diálogos que não proferi. Isso que é um bom sujeito!
            Meu caro acusador, as minhas críticas são apenas uma tentativa de criar uma consciência de cidadania e estimular a participação da juventude na política e na luta contra os desmandos dos governantes, tão comuns em nossa terra. Sinceramente, não tenho outra intenção.
            Como seria lindo um grito uníssono, o som de várias vozes clamantes e indignada em favor de Barra do Corda! Estamos  no século 21 e já não é possível admitir uma administração retrógrada como a do Governo Erick,  pois, hoje em dia, já não existe a falta de conhecimento e sim de caráter.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em
Saint George’s - Granada

(TB21jan2014)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
Barra do Corda, meu amor
jornal Turma da Barra


Eduardo Galvão

'Nestes quase cento e oitenta anos da cidade, a exemplo do próprio estado, 
quase todos os prefeitos foram pé duros, sem visão de futuro, ou desonestos. Os bens intencionados se conta nos dedos e não tiveram a capacidade de fazer diferente, por falta de iniciativas e de conhecimentos. Vamos esperar, quem sabe no próximo pleito?!'

*Eduardo Galvão

            O rio Corda é uma maravilha, é descrito como a sétima do Maranhão, mas para os barra-cordenses é a primeira. Todos que tiveram a oportunidade de banhar nas águas cristalinas do Corda ficaram encantados pela a sensação gostosa no corpo. É assim durante o ano inteiro, os rios ficam na temperatura ideal para banhos, tirando as épocas das enchentes.
            Imaginar Barra do Corda sem o rio Corda! Não, não, quem é cordino não consegue imaginar. Ele é como um pai sempre presente e provedor, ou como uma mãe carinhosa que acaricia nosso corpo e ainda mata a sede.
            O grande apelo turístico da cidade é o rio que lhe dá o nome, ou gira em torno dele. A festa de carnaval, por exemplo, é uma das melhores no Maranhão por causa dos rios, principalmente do Corda e eu nem preciso dizer por quê.
            É esquisito o desprezo do prefeito pelo maior patrimônio da cidade, a maior atração dos visitantes ele o trata de forma secundária e chega até ser gozação a faixa que mandou afixar na ponte citando a maravilha que é o rio.
            Não somente os rios estão desprezados pela administração pública, mas a cidade inteira. O incompetente de plantão está destruindo o que o outro suspeito deixou de bom, e assim nossa cidade, aos poucos, está ficando às escuras, suja, esburacada e o povo assustado de passear com medo de tudo e de todos.
            Não se pode aceitar que uma cidade pequena como a Barra tenha um índice tão alto de criminalidade.  Esta situação indigna chegou ao clímax nessa administração, principalmente pela frouxidão dos órgãos repressão à criminalidade e a incompetência crônica da prefeitura de não saber o que fazer na área social.
            Sabemos que a corrupção nos meios policiais é um fato e por isso a administração deveria estar mais atenta e não aceitar o descalabro de forma pacífica.
            É fato que a administração estadual é corrupta e cruel; imprestável e inservível, mas a situação poderia servir também de incentivo para uma tomada de posição firme do prefeito para cobrar  dos órgãos de repressão local uma perseguição maior aos cabeças da distribuição das drogas.
            Não é possível cruzar os braços e deixar os traficantes destruir as famílias  e, consequentemente, a cidade. A polícia sabe quem  são os chefões e os seus endereços e como eles atuam, mas ficam intimidados. Muito pouco é feito para combater essa praga, pois o dinheiro que transita nesse meio compra muitos. A própria Polícia Federal tornou-se uma polícia burocrata bate-ponto e tem resultados pífios.
            O Prefeito assiste calado a derrocada da cidade, não grita, não toma providências ao ver centenas de jovens serem tragados pelo crime e pela prostituição devido às drogas. A AIDS em Barra do Corda é uma das princi
pais cidades em número de infectados do Maranhão, devido a promiscuidade causada pela uso de drogas.
            Querida Barra do Corda, os poetas cantam a tua beleza em versos e em prosa, uma visão edílica inalcançável, pois és feia e violenta no seu cotidiano, ainda não nasceu nenhum filho com personalidade, sem medo, sem rancor e com disposição de trabalhar junto à comunidade em benefício de seus irmão.
           
Malditos administradores mentirosos! Irresponsáveis que somente pensam em seus umbigos e se imaginam protegidos; pobres coitados, não sabe o que é política e quem sofre é o povo. O sonho do Professor Galeno (grande professor e prefeito mediano) de que a cidade de Barra do Corda seria modelo nunca se realizou.
            Nestes quase cento e oitenta anos da cidade, a exemplo do próprio estado, quase todos os prefeitos foram pé duros, sem visão de futuro, ou desonestos. Os bens intencionados se conta nos dedos e não tiveram a capacidade de fazer diferente, por falta de iniciativas e de conhecimentos. Vamos esperar, quem sabe no próximo pleito?!

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em
Saint George’s - Granada

(TB15jan2014)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
Feliz Ano Novo
jornal Turma da Barra

"Já não é possível que em pleno século 21 
Barra do Corda continue sendo um burgo particular de prefeitos mentirosos
 e sem compromissos com a população e que governa com  os mesmos defeitos de administrações da Idade Média."

*Eduardo Galvão

            Em Barra do Corda retrospectiva é um mantra de repetição dos mesmos problemas. Não foi um ano perdido porque o povo é ativo, na política a incompetência e as mentiras continuam dando o tom e os problemas administrativos se acumulam e a cidade está estagnada na pobreza.
            No município a sensação é de mesmice e de desesperança do povo. O senhor Erick, que despontou como força jovem de mudanças, termina o primeiro ano com desgoverno no velho estilo, que lembra muito a turma do Nenzim, talvez pior, pelo estado que se encontra a cidade.
            O governo Erick chegou ao final do primeiro ano sendo considerado o maior mentiroso entre todas administrações de Barra do Corda. A promessa do concurso público está aí para mostrar que não sou leviano. Ladrão da esperança, grande fiasco, roubou a expectativa positiva que tínhamos nele e se enver
edou para a perseguição política.
            No decorrer de 2013, o burguês cordino, ao arrepio da lei, colocou apadrinhados na Prefeitura e seu grande feito foi dar apoio a políticos oportunistas e às pessoas interesseiras que muito fazem para dilapidar  o erário público. A população teme por outras ladroagens, se já não está acontecendo, está à um fio, po
is não se sabe para onde estão indo os milhões de reais que chegam nos cofres da Prefeitura. Por isso tudo, é ridícula a sua pose, assim como é a dos seus secretários, que transitam entre pessoas de bem como se fossem pessoas competentes, talvez de gogó.
            Não é pessimismo, é uma constatação. Não dá para fazer uma retrospectiva do ano que se finda sem cairmos no mantra citado, pela repetição dos erros seculares de líderes mal intencionados.
            O que nos deixa animado é a possibilidade dos jovens acordarem e exigir seus direitos e a comunidade se interessar pelo o que é coletivo. Já não é possível que em pleno século 21 Barra do Corda continue sendo um burgo particular de prefeitos mentirosos e sem compromissos com a população e que governa com  os mesmos defeitos de administrações da idade média.
            Nos meus votos para Barra do Corda para o ano 2014, além de pedir que Deus venha iluminar as cabeças ignorantes do governo, para que tenham mais amor pela cidade, atendam pelo menos o básico, ou seja:

01 – Que ofereçam oportunidades iguais, com a promoção do concurso público;
02 – Que a segurança da população seja vista com mais responsabilidade;
03 – Que haja investimentos maior na saúde pública, com projetos a serem alcançados em curto, médio e longo prazo em todo município;
04 – Que haja investimentos para construção e conservação das estradas do município;
05 – Na agricultura, sejam assinados e postos em prática convênios para o financiamento dos agricultores;
06 – Que haja mais investimentos em obras de conservação da cidade, limpeza e iluminação;
07 – Que o setor de Turismo seja gerido por um profissional, e que seja realizado investimento nas nossas atrações turísticas, como os rios e cachoeiras. Que seja instituído Parques Municipais para evitar a destruição dos nossos maiores bens, ou seja, dos rios e riachos;
08 – Que haja trabalho sério para trazer a UFMA para Barra do Corda.

            E, finalmente, desejo a todos os conterrâneos um Ano Novo com saúde e paz.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em
Saint George’s - Granada

(TB1ºjan2014)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
Natal: Uma festa cristã ou pagã?
jornal Turma da Barra

 

Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento. 
(Lucas 1.14): 

Eu seria cristão, sem dúvida, se os cristãos o fossem vinte e quatro horas por dia. 
(Mahatm
a Gandhi)

*Eduardo Galvão

            Para aqueles que criticam que a festa natalina está se tornando uma festa pagã não deveriam fazê-lo, pois, realmente, segundo alguns historiadores, as comemorações natalinas tem origem pagã, que teria começado no Egito. Segundo a Enciclopédia Ca
tólica (edição de 1911): "A festa do Natal não estava incluída entre as primeiras festividades da Igreja... os primeiros indícios dela são provenientes do Egito... os costumes pagãos relacionados com o princípio do ano se concentravam na festa do Natal".
            Orígenes, um dos chamados pais da Igreja (ver a enciclopédia acima) escreveu: "... não vemos nas Escrituras ninguém que haja celebrado uma festa ou um grande banquete no dia do seu natalício. Somente os pecadores (como Faraó e Herodes) celebraram com grande regozijo o dia em que nasceram neste mundo".
            Durante os primeiros três séculos da nossa era, os cristãos não celebravam o Natal. Esta festa só começou a ser introduzida após a instituição da Igreja Romana ( no século 4o) e foi somente no século IV que o 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial de comemoração. Na Roma antiga, o 25 de dezembro era a data em que os romanos comemoravam o início do inverno. Portanto, acredita-se que haja uma relação deste fato com a oficialização da comemoração do Natal.
            Assim é o Natal com suas contradições e sincretismo religioso. Não há como negar o espírito de confraternização e solidariedade nesse período de festas natalinas, aproximando as pessoas e as tornando mais humanas. Poucos conhecem realmente o significado cristão da festa e comemoram o Natal num estilo totalmente pagão.
            Nos resta pedir a Deus paz e evitar os exageros naturais nas comemorações, que não esqueçamos  que o mais importante é o respeito ao próximo e a fé genuína em Nosso Senhor Jesus Cristo nosso salvador que veio ao mundo nos salvar e ensinar o caminho correto para Deus. Assim, Desejo um Feliz Natal a Todos, com muita alegria.


*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em
Saint George’s - Granada

(TB24dez2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
O time do Ginásio
jornal Turma da Barra

 

"Considerei um show de bola a idéia de reunir o time do Ginásio
 de uma geração que marcou Barra do Corda, que tiveram adolescência no anos 60/70. 
Foram bons atletas, inteligentes estudantes e com muita iniciativa"

*Eduardo Galvão

            O DNA dos barra-cordenses carrega a saudade como uma marca de família, por isso somos apaixonados, extremamente saudosos e temos grande orgulho de nossos antepassados, de nossas festas, esportes, escolas. Para resumir, de tudo que refira às nossas vidas.
            Considerei um show de bola a idéia de reunir o time do Ginásio de uma geração que marcou Barra do Corda, que tiveram adolescência no anos 60/70. Foram bons atletas, inteligentes estudantes e com muita iniciativa. Foi a partir dela, moças e rapazes, começou a diáspora barra-cordense, por sentirem sem espaço, sem oportunidades, partiram para serem destaques em outras plagas.
            Hoje são simpáticos jovens nos 60, profissionais liberais, funcionários públicos e privados etc, carregando a sina cordina do saudosismo. Por iniciativa do querido Padim, Arildo e Zé Edno e registrado pelo incansável Álvaro, se reuniram para um jogo e confraternização.
            Por merecimento e por saudosa memória, a nota triste foi a ausência, por falecimento ainda relativamente jovem, do Edmilson do Gedê, um dos melhores atletas, grande aglutinador e responsável pela alegria nos jogos e das jogadas.
            Confesso que me emocionei de ver aquela turma, que está guardada na memória de minha infância. Quando eles eram adolescentes e eu pirralho, foram contemporâneos e amigos de meus irmãos mais velhos Chico e Osvaldo Galvão, este último também era atleta, bom goleiro do time de futebol de salão, que disputava torneios, inclusive contra outras cidades, mas veio o impaludismo e o deixou doente por quase quatro anos.
            Não sou poeta e nem tenho muita idéia de poesia. Escrevi a reunião de palavras abaixo levado pela emoção de ver a fotografia de nossos amigos na internet.
            Queiram, caros amigos do time do Ginásio, aceitar as palavras como uma  singela e sincera homenagem do Eduardo Galvão, aquele garoto que ficava por ali enchendo o saco dos mais velhos e, às vezes, sendo gandula.

Tempos idos
Para meu amigo Alvaro Braga

As luzes dos mastros dos veleiros
Do fundo de meu quintal,
Em noites nubladas e escuras
Cintilam como vaga-lumes
Do Rio Corda.

Existência de inapelável destino,
Sem livre arbítrio, predestinado,
Longa caminhada de rumo escrito,
Embora a decisão seja da gente,
Não é liberdade, é livre agência.

Fotografias  bem conservadas,
Dos jogadores de minha terra,
Repousam na mente como eles eram,
Embora os mesmos, agora são outros.
Novo tempo, nova era.

As faces estão envelhecidas,
Os parentes mais velho retornaram.
A música e a voz na vitrola é a mesma dos tempos idos,
Transporta como numa fita,
No qual nos vemos outra pessoa.

As lágrimas fluem incontroláveis
Não é dor, não é não meu amigo.
É a emoção de saber impossível
Encontrar o que fomos
Nos tempos idos.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em
Saint George’s - Granada

(TB10dez2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
Justiça completa, forte e imparcial
jornal Turma da Barra


Eduardo Galvão

"Ministro Barbosa, não é solução, pois não é permanente, 
e sim mais homens dignos no comando política e  como membros do judiciário, para maior segurança do povo brasileiro, com verdadeira justiça, forte e imparcial"

*Eduardo Galvão

            Hitler começou a ter notoriedade depois que foi para a cadeia. Na prisão ele tinha mordomias e fazia reuniões com membros de seu partido e ficou assim até que foi liberado para criar o maior monstro, o mais cruel e sofisticado que a humanidade teve notícia, o Partido Nazista.
            A popularidade de Hitler foi basead
a na crítica ao Tratado de Versalhes (1919) pelos alemães,  que, com a derrota na guerra, deixou os alemães chocados e humilhados e sem condições de arcar com o pagamento das indenizações imposta a eles.
            Hitler soube muito bem explorar a crise e a insatisfação dos alemães e ascendeu ao poder em 1933. Até a eclosão da guerra, a Alemanha estava feliz com o Partido Nazista, por causa da bonança na economia e o pleno emprego. Pela propaganda eles eram grande, forte, uma raça superior.
            Depois da derrota na II Grande Guerra, os líderes nazistas foram presos e julgados e muito deles foram condenados a morte. Como ficar com pena dos nazistas, de seus líderes por terem sidos condenados devido aos crimes cometido antes e durante a guerra? Mesmo que tenham dado ao povo alemão emprego pleno e trazido felicidade através de propaganda intensa?
            No Brasil, Hitler e seus comparsas talvez não seriam condenados à morte, os advogados inventariam justificativas tornando-os pobres coitados, vítimas da lei e do povo vingativo.
            O que assistimos agora no Brasil, por mais que o PT se esforce, jamais a quadrilha presa terá notoriedade perante a nação brasileira. Por mais que os advogados de luxo tentem desvirtuar a lei não terão sucesso em limpar o nome dessa corja, que é apenas a ponta o “iceberg” num mar da corrupção.
            O José Genoíno agora todo doentinho e coitadinho, não justificativa o descumprimento a Lei, pois a própria lei prevê o que fazer nesse caso. Ele é criminoso, está provado, e foi  condenado. Ele é especialista em viver às custas  do povo brasileiro. Em passado recente, todo poderoso, era prepotente o suficiente para humilhar os membros do PT mais humildes, por não se enquadrarem na decisão do alto comando.
            Genuino ao ser pego com calça nas mãos, facilitando roubo, foi viver como assessor do Ministério da Defesa – que ironia! E depois foi ser “representante do povo”, através de falcatruas legais (não sei se é possível afirmar isso). Fico a pensar se essa quadrilha fosse do partidão de Cuba, país que seu partido glorifica, na época de ouro do Fidel, era bem possível que eles fossem colocados no paredão para ajustar as contas pelos seus crimes.
            Pedimos vingança?  Não, mas não queremos impunidade, pois sabemos que em questão de dias a quadrilha estará solta e posando de vítimas, para, talvez, recomeçar a perseguir os seus acusadores.
            A Justiça seria completa se o bando todo estivesse de joelhos, com as mãos algemadas pra trás e um pelotão chinês, com pistola na mão apontado para sua as nucas. É cruel afirmar isso? Sim é cruel, como é cruel para o povo brasileiro  a sensação de impunidade, de anarquia, aliada à  bagunça jurídica, principalmente depois da sentença desse bando.
            O povo quase não se contém, uma raiva surda queimando. Pura raiva, de ver o povo injustiçado e as mortes de milhares de brasileiros por causa desses lalaus e de muito outros desgraçados corruptos.  Milhares de jovens morrem e matam por causa das drogas, enquanto os corruptos roubam o dinheiro que era para a prevenção de crimes.
            Sim, a maioria do povo está revoltado, por saber do sofrimento de milhares de pessoas, cotidianamente, sem poder ser atendidos em hospitais públicos e que morrem aos montes, devido à corja impune que rouba o dinheiro da saúde pública. Muitos morrem também nas estradas esburacadas devido ao roubo do dinheiro para suas manutenções.
            Não me contenho, em saber que o dinheiro da corrupção serve também para eleger políticos inescrupulosos, como Genoíno, Zé Dirceu e outros, que roubam, roubam sem limites e sem beira e ainda criam leis para permitir a impunidade.
            Membros do PT, inclusive o Sr. Lula, diz que o Partido não é o único a abrigar corruptos, que outros também roubam e estão impunes, como se isso aliviasse a culpa desse Partido que é, para mim, comparado ao Nazismo, mesmo não matando diretamente em câmaras de gás e colocando pessoas em fornos crematórios, mas discrimina  as pessoas pobres, roubando a esperança de um alívio em suas vidas; enquanto autoridade, deixar a corrupção correr solta, permitindo a morte de milhares de pessoas pelo descaso do poder público.
            Estamos vivendo a fase mais negra da história brasileira, virou molecagem. Salvadores da pátria, que surge esporadicamente, como o Ministro Barbosa, não é solução, pois não é permanente, e sim mais homens dignos no comando política e  como membros do judiciário, para maior segurança do povo brasileiro, com verdadeira justiça, forte e imparcial. Aí sim, seríamos a maior democracia na América do Sul.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada

(TB26nov2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
O polo universitário em Barra do Corda
jornal Turma da Barra

 

"a instalação do polo universitário em Barra do Corda somente sairá a fórceps e nós, 
membros da família, aguardamos fora da sala de parto, com as mãos soando de nervosismos, torcendo para criança nascer vivo e sem defeitos
"

*Eduardo Galvão

            O polo universitário é uma luta de poucos em Barra do Corda. É mais uma batalha de “estrangeiros” como nós. Nem mesmo os ditos intelectuais barra-cordenses parecem se empenhar pelo assunto, assim como os maiores interessados, os estudantes.
            Mas como pouca coisa no Brasil acontece com participação popular e os grandes acontecimentos da nação, que deveriam ser orgulho do povo, não houve participação popular, como A Independência, a Libertação dos Escravos, A Proclamação da República etc. Até mesmo no Golpe de Estado, dado pelos militares, aconteceu por corrupção: um auxiliar do General Kruel, comandante do Segundo Exército, disse que o Comandante aceitou duas malas cheia de dólares americanos para trair Jango e facilitar o golpe.
            Assim, não poderia ser diferente, a instalação do polo universitário em Barra do Corda somente sairá a fórceps e nós, membros da família, aguardamos fora da sala de parto, com as mãos soando de nervosismos, torcendo para criança nascer vivo e sem defeitos. Como é comum nas intervenções forçadas em hospitais públicos, a paciente, sem forças, está entregue a profissionais que podem ser bom especialistas ou não, restando a nós orar para que tudo corra bem, a mãe e filho.
            Os pais desamparados, empenhados na luta pela a UFMA em Barra do Corda, “pisam em ovos” para não ferir suscetibilidades de forma a evitar rugas que possam atrapalhar o sonho de uma universidade digna do nome em nossa cidade e assim não deixar a criança morrer ou nascer defeituosa.
            Não quero citar nomes de pessoas que integram a equipe pró-UFMA, que advogam por Barra, ou mesmo, realçar o nome de alguma da equipe. Cito apenas o incansável engenheiro Cézar Braga, por ser um dos “advogados” que é do conhecimento geral e todo mundo sabe do seu empenho pelas causas cordinas.
            Caso esse projeto do polo universitário se torne realidade será um acontecimento significativo para o destino da cidade e poderá mudar, sobremaneira, a educação em Barra do Corda e será referência para o futuro estado do Maranhão do Sul.
            Devido às poucas notícias sobre o assunto, confesso que também estou curioso para saber quem é o cabeça desse movimento reivindicatório da UFMA de nossa cidade. O que saiu na imprensa não dá para suspeitar se é um Comitê informal ou se representa a Prefeitura de Barra do Corda. Muito embora, a meu ver, a prefeitura pareça desestimulada não só pela causa universitária, mas tudo que não seja dividir o bolo que é recebido regularmente do governo federal. Que Barra do Corda se dane!
            A instalação do campus, apesar de ser antiga reivindicação de Barra do Corda, vai acontecer, se acontecer, baseada em interesses políticos de caciques conhecidos. O Ministério da Educação é citado até agora como ator coadjuvante, que, infelizmente no Governo do PT, tornou-se um órgão carimbador de pedidos dos políticos do PT, ou ligados ao governo, e não um Ministério responsável pela real política de educação no Brasil.
            Sinceramente, torço por uma Universidade em Barra do Corda, se não for possível, pelos menos um Polo de Faculdades com cursos realmente de interesse para o desenvolvimento da região sul maranhense e que seja uma das bases para o futuro estado Maranhão do Sul, que, possivelmente acontecerá após a morte do caudilho.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Saint George’s - Granada

(TB29out2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
Conversas fúteis
jornal Turma da Barra

 

"Podes conhecer o espírito de qualquer pessoa, 
se observares como ela se comporta ao elogiar e receber elogios."
Sêneca

            A decisão do TSE, negando a criação do Partido Rede Sustentabilidade, Partido com o qual a ex-senadora Marina da Silva pretendia concorrer para Presidência da República, deixou no ar cheiro de falcatrua, não por parte do Tribunal, mas dos Cartórios Eleitorais quando da legalização das assinaturas. O PT já havia avisado que "abateria o avião de Marina ainda na pista de decolagem", conseguiu.
            Por outro lado, os partidos políticos no Brasil parece epidemia, hoje contam 32. Se estes partidos tivessem ideologias ou representasse algum seguimento da sociedade seria elogiável, democrático e normal, mas são apenas agrupamentos de pessoas se preparando para assaltar o erário publico.
            No nosso microcosmo, o jovem Wellrick, na sua caminhada para a prefeitura, se aliou a diversos partidos. O que resultou desse "apoio"? Os ativistas estão cobrando a conta e os "Partidos" sumiram do mapa, não  se houve falar deles.
            Quando estive em Barra do Corda, conversando com um velho conhecido, sobre os partidos políticos da cidade, ele me falou assim: “meu caro, a política é isso mesmo, ninguém liga para a comunidade ou para algo que dê retorno para a sociedade, todos querem se dar bem e sair de barriga cheia. Não importa quais as cores do partido  do prefeito eleito, ele sempre irá se aliar e comandar. Os partidos que aí estão são de aluguel”.
            Quando o vulgo Erick foi eleito, uma imagem positiva formou em minha mente, de que ocorreria mudanças para melhor e que seria um governo de ação e boas ideias.
            Nas ditaduras, de Vargas e militar, muitos jovens morreram; outros desapareceram lutando em favor de um Brasil melhor e verdadeiramente democrático, mas foi à toa, o jovem que se encontra  na prefeitura de Barra do Corda é uma espécie de lesma acostumada com o jogo de mordomias e corrupção.
            Vejo como a única saída o povo na rua; os jovens fazendo pressão para espremer o corpo estranho que penetrou no município. Tumor esse, coberto de bactérias da mentira, do egoísmo. Matar todos os sanguessugas com remédios eficaz para bernes entranhado.
            Por onde anda o PT de Barra do Corda? Ok, apesar de ser o único partido político organizado se tornou um balaio de gato, ninguém se entende; e os outros “partidos” são motivo de gozação: dizem que o Nenzim comanda mais de dez.
            As vezes o sujeito tem boa conversa, se diz honesto, escreve coisas belas, mas depois do poder se descobre um inútil, não porque ele queira ser, mas por problemas psicológico. Não há coisa mais ridícula do que pessoas recalcadas.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB17set2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
Folhas murchas
jornal Turma da Barra

 

"Esta é a rotina de minha vida. 
Apesar da fase de folhas muchas, a felicidade retorna quanto a planta estiver tornando a novo vigor, 
com caule e galhos fortes, novas  floras, folhas verdinhas alegres  primaveril, dando frutos de boa qualidade e de produção suficiente
"


                Sou ave de arribação, no aprontamento de malas para voar para outras bandas. Falando assim, o processo parece fácil, mas não é. São dois anos de de minha vida que ficam nesta cidade, de relacionamentos oficiais e particulares que preencheram toda minha rotina.  Agora, além das contas para fechar, tem os  amigos, a casa, os colegas de trabalho e o trabalho em si que ficarão no passado. 
                É uma carga emocional e tanto, mesmo que aparentemente acostumado pelas diversas arribações durante minha vida adulta. Não, não estou reclamando. O cenário do dia-a-dia, o lar com muitas árvores no quintal e os pássaros cedinho, o caminho para o trabalho e os contatos profissionais, parecem coisas comuns, rotineiros, mas não são. Essa rotina, aparentemente boba faz parte do cotidiano e quanto quebrada pertuba e estressa. 
                A feira, o mercadinho do chinês, o peixe fresco comprado a beira mar e a conversação com esses viventes, quando sente que não se pode mais e que vai acabar, corre um calafrio. É o estresse da partida. 
                O barzinho rotineiro com os amigos, o restau
rante das sextas-feira a noitinha, o passeio na praia catando  conchas com a esposa, admirando as tartarugas de julho, ou apenas olhando a imensidão saudosa do mar. Com a perspectiva de perda, amolece e uma sensação de vazio toma conta de ti. 
                Minha filhinha Manu, nasceu há poucos dias, é brasileirinha nascida em terras francesas. O hospital, a enfermeira obstetra-pediatra  que faz  visitas, o médico pediatra da filha, o genecologista da  esposa, os remédios, tudo isso te causa estresse, por não saber o que vai encontrar no futuro próximo. As doenças do novo país, as vacinas, a nova casa a conseguir, novo carro, tudo novo a recomeçar. 
                Esta é a fase de planta mucha em processo de mudança.  Sou positivo, olho pra frente e vejo perspectivas boas na pequena ilha que vou habitar, de casas lindas e confortáveis, morros, serras, mar azul cristalino do Caribe, praias de areias brancas e povo sorridente e de música alegre. O trabalho, um novo desafio. 
                Esta é a rotina de minha vida. Apesar da fase de folhas muchas, a felicidade retorna quanto a planta estiver tornando a novo vigor, com caule e galhos fortes, novas  floras, folhas verdinhas alegres  primaveril, dando frutos de boa qualidade e de produção suficiente. 
                A planta está envelhecida de tantas mudas, necessitando de um terreno firme e bom para o fechar o ciclo dos ultimos dias produtivos, até que a matéria se transforme em energia pura e retorne para seu lugar em Deus.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB17set2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
Orgulho de ser cidadão
jornal Turma da Barra

 

"Outros imigrantes especiais  brasileiros são os garimpeiros, a maioria maranhenses, inclusive de Barra do Corda. 
Eles são invisíveis, não se identificam como tais e nós, do governo brasileiro, não perguntamos. 
O tratamento dado a eles é um pouco mais pesado, por ser o garimpo uma atividade ilegal neste Departamento francês. 
Eles vivem dispersos na mata enfrentando uma vida duríssima e a repressão é muito grande
e, às vezes, violenta com mortes de ambas as partes, polícia e garimpeiros"

                Uma festa que começou pequena, enfrentando muitas barreiras para ser realizada, de repente tomou uma grande dimensão e hoje faz parte do calendário da cidade. Estou falando da festa Dia Brasil 973. Ainda estou de ressaca de orgulho e coração alegre por ter podido promover  mais uma edição do Dia Brasil, festividade que valoriza a comunidade brasileira e melhora a percepção dos imigrantes na Guiana Francesa. 
                Como é maravilhoso ver as pessoas orgulhosas de se mostrar em cores brasileiras, de cantar o hino nacional com lágrimas nos olhos e extravasar dançando ao ritmo de músicas populares de seu país, sem medo. 
                A perseguição aos indocumentados na Guiana Francesa é incremente, nas ruas de Caiena é normal ver “blitz” da polícia de imigração parando carros e motonetas. Nas duas principais estradas, que ligam Brasil e Suriname existem diversas barreiras policiais e não passa um veículo que não seja identificado e revistado, coisa nunca vista na Europa em tempos de paz, mas é imposto em solo francês da América do Sul. 
                A peserverança dos imigrantes é maior que a repressão e tem por objetivo uma vida digna, suas vidas estão aqui nada os detém. Deportam grupos de 50 ou mais pessoas para a cidade brasileira do Oiapoque, no outro dia todos estão de volta. Eles retornam “varando” pelas matas, ou por mar em pequenos barcos. As vezes nesses retornos acontecem tragédias com mortes. 
                Outros imigrantes especiais  brasileiros são os garimpeiros, a maioria maranhenses, inclusive de Barra do Corda. Eles são invisíveis, não se identificam como tais e nós, do governo brasileiro, não perguntamos. O tratamento dado a eles é um pouco mais pesado, por ser o garimpo uma atividade ilegal neste Departamento francês. Eles vivem dispersos na mata enfrentando uma vida duríssima e a repressão é muito grande e, às vezes, violenta com mortes de ambas as partes, polícia e garimpeiros. 
                A posição do Governo brasileiro é apoiar o cidadão brasileiro, dando todo apoio cabível, inclusive conta o Consulado-Geral com um oficial de ligação policial, que é  Delegado da Polícia Federal. Além de tratar de assuntos policiais de interesse de ambos os países, o Oficial de Ligação presta um importante trabalho de localização e de contato com junto às autoridades policiais locais sobre todas as ocorrências que envolva brasileiros. 
                Modéstia a parte, hoje em dia os serviços de assistência a brasileiros do MRE  tem evoluído e melhorado. Claro, ainda existem muitas falhas, mas estamos presentes e procurando proteger nossos concidadãos. 
                Imagina ficar preso, apenas por motivos imigratório, em um país distante que você não fala a língua e de repente chega uma autoridade brasileira para visitar. Vi muitas injustiças e muito sofrimento envolvendo nacionais brasileiros, homens e mulheres. Recebi muito abraço sofrido e lágrimas de desespero e dor causado pelo desamparo e humilhação. 
                Por isso, ao aqui chegar, muito embora com outras funções no Consulado-Geral, sugeri a criação do Setor Cultural para através da cultura brasileira aproximar o povo local e o brasileiro. Nessa competência ajudei a montar uma associação de artes de cultura brasileira, promovei mostras de fotografias, trazendo fotógrafos de renome do Brasil,  shows folclóricos  provindo do Amapá, como o marabaixo, por exemplo, de capoeira e de artistas populares brasileiros etc. 
                Tudo isso pra quê? Para diminuir o preconceito que infelizmente muito deles enfrentam, devido  a violência ocorrida em passado recente envolvendo brasileiros. Hoje em dia, graças a Deus, podemos realizar grande festa como o Dia Brasil e a comunidade guianenses comparece para prestigiar. 
                Imagina o orgulho dos humildes brasileiros que aqui vivem, a maior parte é têm pouco estudos, participar de um dia de lazer, encontrar amigos e degustar uma boa comida da terrinha e assistir shows e danças ao som de banda populares brasileiras. 
                O hino nacional, interpretado de forma emocional pela cantora guianense Clara Nugent foi muito emocionante, muitos não conteram as lágrimas.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB10set2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
A usual crueza
jornal Turma da Barra

 

A vida dos camponeses, servos e artesãos
medievais era, de uma maneira geral, mais livre
e confortável que o padrão de vida do proletariado,
e mesmo da classe média baixa, nos séculos XIX e XX.
Robert Kurt

            Nos últimos dias, foi notícia a morte de barra-cordenses em São Paulo que foram soterrados sob uma laje de uma construção ilegal. Eram jovens que partiram de Barra do Corda, como milhares de outros. Eles foram obrigados a imigrar por falta de empregos e oportunidade de estudos.
            É lamentável que no município de quase dois séculos as autoridades não foram competentes para trazer qualquer empreendimento para absorver mão de obra ou escola que pudesse qualificar pessoas para o mercado de trabalho. Faltaria competência dos homens público da cidade e do estado?
            Os filhos de Barra do Corda, os mais sortudo, que nasceram família com mais recursos, quase todos estão bem colocados. Alguns ficaram ricos, outros profissionais liberais, funcionários públicos etc. Para a outra parte menos favorecida, que  não puderam estudar, partiu mundo a fora para se submeter a trabalhos degradantes.
            As pessoas se perguntam será que essas mortes são realmente inevitáveis?  Talvez o destino seja o culpado, a predestinação de nascer no Maranhão, especialmente em Barra do Corda, onde as possibilidades de ascensão são mínimas, para quem nasce na pobreza e não recebe nenhuma qualificação profissional.
            O estado do Maranhão é o principal fornecedor de mão de obra desqualificada do Brasil, barata, de tão barata que a vida deles não vale nada. Se morrerem dez ali, vinte acolá, quem liga, são muitos não faz falta.
            Outros maranhenses, mais corajosos que não desejam se submeter a patrão, se embrenham nas matas dos países vizinhos à procura de ouro e de lá mandam soma razoável para a família. Mas a que preço? O custo da saúde e, às vezes, da vida.
            Morrer é uma certeza, mas morrer fora da hora é uma tragédia. A morte para esses heróis, que trabalham em qualquer situação, é companheira de todos os dias, morte por assassinatos, soterramento nos barreiros, esmagamento causado por árvores e por doenças, terríveis doenças devido à intoxicação do mercúrio, doenças tropicais que matam devagar ou rapidamente e a desnutrição, perseguição por bandidos e da polícia.
            Quem se importa para as condições de trabalho e de vida dos cidadãos barra-cordenses, maranhenses no mundo? E quem se importa para as condições em Barra do Corda?
            De repente, um bando ataca o garimpo, seis garimpeiros morrem de imediato ainda dentro dos barrancos, sob as balas de rifles altamente modernos, os bandidos roubam todo o fruto de trabalho duro de meses de sofrimento. Os personagens que tombaram são brasileiros ilegais, sem cidadania.
            Noutro ataque, os bandidos são antecipados pelos gendarmes (polícia francesa), mas quando os policiais tentam descer do helicóptero usando corda são alvejados. Resultado: dois policiais mortos e outro gravemente ferido e os bandidos se evadem. Aí sim, tem reação. Quem são esses bandidos? São brasileiros do estado do Maranhão – bandidos do Grupo do Manoelzinho, que tem origem no centro maranhense.
            Assim é a vida dos desqualificados maranhenses mundo afora: é o agressor e o agredido, mata, morre, poucos tem sucesso. Ninguém se lixa além de suas famílias pobres.
            Em Barra do Corda, o pai ainda novo na idade, mas com aparência de velho, sai para roça cedinho com suas ferramentas nas costas, para vencer a gitirana usando seus apetrechos arcaicos. Ao meio dia, sentado sob uma árvore para o lanche humilde, bebe de sua cabaça a água lodosa, aceita resignado o destino.
            O Senhor calmo e contente com a perspectiva do dinheirinho que imagina receber do filho distante. “Nesse mês o Zezinho prometeu mais, vai dar até pra comprar um vestidinho pra Zeca”, pensa. O dinheiro não veio e nunca mais virá, seu filho morreu em um acidente. Ó meu Deus, tão novo! Quem liga? É mão de obra desqualificada. Às vezes um político conhecido manta buscar o corpo para a última despedida e ser enterrado sob o olhar perdido do pai.
            Como ter paciência com políticos irresponsáveis que tratam o dinheiro público como um bem pessoal, que demite por politicalha, sem verificar o grande prejuízo social. Os políticos interesseiros tem desprezo pela Lei, a Lei é apenas uma ferramenta de dominar pobres, encabrestá-los, trazê-los humilhados, vencidos como boi que vai para o matadouro. Ora deixa morrer!
            As eleições não preocupam os políticos poltrões pela certeza de que serão eleitos facilmente, pois voto em Barra do Corda é fácil de comprar. “E a democracia? A democracia aqui é um barato, cada voto vale R$ 20,00, um pouco mais, R$ 40,00, se a família tiver mais votante”. O dinheiro para essas “despesas” não custa nada para o folgadão, é dinheiro ganho na corrupção ou recebido de políticos indecentes. É de admirar, a prática de compra de votos, infelizmente, é comum e ninguém é preso por isso.
            Em Barra do Corda as famílias estão aflitas com a violência cruel que expõe seus filhos às drogas, às gangues de malfeitores, e à evasão escolar que os deixam sem perspectivas de futuro. Os Prefeitos têm sua parte de culpa por falta de política que possam absorver e ocupar os jovens que chegam no mercado de trabalho.  Mas pelo contrário, usam essa dificuldade  para tirar proveito.
            Líderes cordinos, cuidem de nossa cidade já que o poder público é omisso! Junte-se em associação, se reúnam e façam cobranças, grite. Do contrário, todos estarão envolvidos no circulo da violência sem fim e nossos filhos jamais poderão gozar da tranquilidade que tivemos na infância.
            Não sabemos quanto é o orçamento da Prefeitura, quanto arrecada e quanto recebe do Governo federal. Sabemos que a miséria campeia sem dó e o exército dos não qualificados cresce. A sentença de morte já foi assinada, muito morrerão tentando conseguir a dignidade.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB03set2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
Propaganda ilegal
jornal Turma da Barra

 

"A Justiça Eleitoral, através do Ministério Público (MP), 
deveria ser acionada para verificar a legalidade dessa propaganda eleitoral fora de tempo
 e o culto ao prefeito. Aliás, o MP deveria ser mais atuante para coibir às dezenas de irregularidades cometidas por esta administração"

*Eduardo Galvão

            O prefeito Erick Costa, copiando os passos do ex-prefeito Nenzim, tem se destacado como um bom pagador de salários e isso é bom para a cidade. Também devemos registrar que na educação municipal nota-se um pequeno progresso. Estão de parabéns os professores, diretores e todo o pessoal ligado à educação municipal pelo trabalho duro, mesmo enfrentando baixos salários e as adversidades administrativas.
            A nota triste, por causa da politicagem, embora conte a prefeitura com um quadro de funcionários competentes e dedicados, muito deles são vítimas da mesquinharia e da fofoca de membros desse governo, que por vingança e no mais baixo nível de molecagem, demite talentos sem se importar com o prejuízo ao município e as suas famílias. Mais uma mentira que a comunidade barra-cordense é vítima. Talvez seja por isso que o Prefeito teima em não realizar o concurso público para preenchimento das vagas que hoje são ocupadas por apadrinhados.
            É bom que fique claro, o papel da imprensa é de informar a comunidade, noticiando e denunciando os desvios. Não se trata perseguição pessoal ou partidária, o Turma da Barra não é partidário, assim como este cronista. O nosso trabalho é ficar vigilante para denunciar os procedimentos mal feitos que por infelicidade ocorram e  elogiar e criticar quando necessário.
            Mas elogiar somente com  bases sólidas e ainda não é o caso dessa administração. O governo Erick Costa tem sido insensível ao apelo popular e sonso em se tratando das promessas de campanha: a realização do concurso público; e a não demissão de funcionários por motivos políticos, por exemplos. Observa-se que as práticas muito criticadas no passado não foram abolidas, mas aprimoradas ardilosamente e vem contribuindo para rápida derrocada  dessa administração.
            Em crônica anterior, alertei a Assessoria de Comunicação para as práticas ilegais de propaganda que contabiliza os poucos projetos de interesse da comunidade para a conta pessoal do prefeito. A Assecom personaliza-os de forma a parecer como grandes feitos do Senhor Erick Costa. A sugestão não foi levado em conta e eles, agressivamente, agem como se não ligasse para a opinião da comunidade. Os sites da internet, associados à Assecom, levaram um calote, mas mesmo assim continuam com a mesma bajulação. O que é isso?
            Hoje em dia, as facilidades de penetração da internet  favorece o governo participativo e seria de grande utilidade para a comunidade ter a  Página da Prefeitura como fonte informativa de divulgaria dos planos e os projetos de forma que a comunidade pudesse opinar. Ocorre, no entanto o contrário, o sítio não se atém a nenhuma análise ou discussão de projetos com ênfase no município.
            A Justiça Eleitoral, através do Ministério Público (MP), deveria ser acionada para verificar a legalidade dessa propaganda eleitoral fora de tempo e o culto ao prefeito. Aliás, o MP deveria ser mais atuante para coibir às dezenas de irregularidades cometidas por esta administração, cito, principalmente, propaganda ilegal, a contratação de funcionários sem o concurso público para atender, única e exclusivamente, aos irresponsáveis que usam a política como meio de vida.
            Seria engraçado, se não fosse trágico para o município, a reportagem no site da Prefeitura anunciando parceria com a Eletronorte para o progresso da agricultura. Pois bem, os projetos de obtenção de dados sobre queimadas e de luz para todos, como uma grande parceria com a Eletronorte para desenvolvimento da agricultura, é um blefe. Os projetos citados são antigos e não tem significado prático para a agricultura de subsistência adotada no município. Na fotografia da reportagem aparece o Prefeito na linha de frente como o herói do café requentado.
            Os projetos anunciados seriam, na verdade, de grande utilidade para o município se existissem órgãos que financiasse e desse apoio tecnológicos aos pequenos agricultores, para aproveitamento da energia elétrica para a produção e a prevenção das queimadas também muito beneficiaria o município. Mas o anúncio é propaganda falsa com objetivo de divulgar o Prefeito e o Ministro Lobão e Cia. A propósito, a declaração na reportagem do Sr. Jonaton Junior foi de pasmar, não fala coisa com coisa, pelo menos em se tratando de queimadas e luz para todos.
            No anúncio de verbas para o calçamento de povoados, por exemplo, o projeto tem toda pinta de ser eleitoreiro, é dinheiro para ser gasto em época de eleição, pois não existe qualquer plano global de revitalização dos povoados e melhoramento de infraestrutura, ou seja, é jogar dinheiro fora, ou melhor, investir em votos.
            É redundante falar em irresponsabilidade criminosa desse tipo de desperdício de dinheiro público. Mas o que ainda nos deixa mais desconfiados é o envolvimento dos irmãos Milhomens como promotores do projeto de calçamento de povoados. Todo mundo conhece a dupla e sabem que eles nunca fizeram nada, e nunca farão, em favor do município que seja duradouro. Agora posam de santos protetores, trazendo verbas para ser queimada à véspera da eleição para deputados. Ora, vá enganar o diabo!
            Não vou comentar as outras notícias do Sítio da Prefeitura para não virar um mantra, é melhor deixar para o Ministério Público fazer o seu trabalho.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB027ago2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
Raízes
jornal Turma da Barra

 

O passado não reconhece o seu lugar: esta sempre presente”.
Mário Quintana
"

*Eduardo Galvão

Ao Wilson Bé, pela simplicidade de suas histórias e pelo seu amor incondicional revivido. 
Como náufrago em mar tempestuoso que se agarra a uma pequena tábua
 e sabe que está irremediavelmente perdido.

            Minha cidade natal é o que resta das raízes de uma planta que é constantemente mudada, eu. Raízes que se entaramelaram na terra antiga do passado distante, que traz alimento para meu coração. Minha terra é revivida em mim num “updating” automático, que atualiza os acontecimentos e as lembranças maravilhosas da infância.
            Desde cedo fui me adaptando ao destino nômade, pelas mudanças de moradas conforme as designações de trabalho de meu pai. Como gostaria de viver fisicamente na cidade onde nasci e poder acompanhar as mudanças comuns de alguém que envelhece e poder influir o progresso para o bem estar de sua população; ter a vida simples de sertanejo, dia a dia comum, de fazer parte da comunidade, dos festejos, competições esportivas e, até mesmo, poder acompanhar os cortejos fúnebres dos parentes e amigos queridos que deitassem na terra fria da sepultura e jogar o último punhado, como se sussurrasse até breve. Consola-me Deus!
            Aos quinze anos parti para Brasília e, após os estudos, ao mundo como um cigano sem parada, numa espécie de sofreguidão de um vai e vem sem fim, nada de definitivo apenas amizades transitórias, pousos estratégicos de paradas e descanso, para tomar folego para novas mudanças.
            Ó vida! Meus filhos ficaram em cidades e países diferentes, incapazes de acompanhar a correria do vagueio. Eles criaram asas mais cedo e passaram a ter vida própria. A obrigação profissional tirou-me o gosto da constância, me tornando incapaz de permanecer num mesmo lugar por longo tempo. Meu espírito indomado se adaptou às circunstâncias e esse é o meu destino traçado pela Força celeste. Ele não me autorizou ou deu-me a opção, ainda, de parar.
            Deus, Maravilhoso Deus! Tu és misericordioso comigo, tu me presenteaste com uma esposa e filhos maravilhosos, quando permitiu que eu constituísse a primeira família. Nossos filhos estão bem colocados, todos formalmente educados. Tu, Senhor, mesmo sem eu merecer tamanha glória, Tu me presenteaste, permitindo que meu filho galgasse o pináculo almejado por todos grandes estudantes do mundo.
            Tu mandaste mais flores lindas para encantar o jardim de outono da minha vida. Tu me deste uma segunda família: a filhinha Manuela e uma esposa feliz, amiga e carinhosa que me cobre de amor, árvore de raízes que se aprofundou e se tornou sólida e suas flores refletem as  luzes no entardecer de minha vida. Ó Deus misericordioso, como sou agradecido por ter me escolhido!
            Imutável é o meu amor pelos rios de minha terra, às cachoeiras, o clima, o cheiro das coisas naturais, as paisagens dos casebres humildes do povo simples. Esse amor nunca partiu, permaneceu e estar encravado, sólido. Deus, para compensar meu destino nômade, me deixou agarrado à terra de nascimento e não me deixa partir, estou e estarei sempre respirando e dividindo os espaços que foram de meus antepassados.  Nada estranho, por causa da solidão, depois de viver, trabalhar, varar palácios, conhecer culturas no mundo inteiro, ficar preso ao meu humilde berço de nascimento.
            Por este reino eu brigo por querer o melhor. Barra da Corda, não me conforma te ver estuprada por aventureiros invasores que implantaram a tirania, a prepotência e a desonestidade como prática comum de governo. Os crimes e as injustiças tomaram conta de meu reino, mas defenderei minha terra com ardor contra os piratas covardes que assolam e tripudiam da confiança do povo.
            Não voltarei porque nunca parti da terra amada, sou um cavaleiro pronto para a luta, entrarei em campo com as armas que disponho e me ajuntarei aos outros filhos que te amam para a batalha corpo-a-corpo; jamais utilizaremos meios sujos. Como os cavaleiros do passado, não temeremos a luta em campo aberto e com a dignidade venceremos o obscurantismo que te enodoa por um século.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB020ago2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda
Quem faz, acontece
jornal Turma da Barra

 

“Barra do Corda está crescendo se tornando adulta na área da cultura, 
apesar de não contar com ajuda oficial. É uma luta de amor à arte e já se destacam talentos na capoeira, artesanatos, pintura, escultura, música, atores amadores, jovens estes muito promissores"

*Eduardo Galvão

            Li com muita satisfação a entrevista com professor Carlos Magno Serra Durans sobre o seu trabalho com o Boi Brilho em Barra do Corda, que vem se destacando e levando muita gente para assistir as apresentações, não somente em Barra do Corda, mas em outras cidades maranhenses.
            A entrevista não informou como o grupo está organizado, se é uma associação Boi Brilho ou se é um agrupamento de pessoas amadora amantes do folclore e da cultura, sob a liderança do Senhor Durans. Espero que estejam funcionando legalmente e permita receber doações de pessoas e de empresas interessadas em promover a nossa cidade através do trabalho cultural de qualidade.
            Vale citar que já é tradição do Diocesano receber bons mestres vindo de São Luís. No passado, um grupo de professores provindos da Escola Técnica contribuiu sobremaneira, verdadeiros mestres na instrução de muitos hoje doutores barra-cordenses, cito o nosso saudoso Professor Antônio José e o Professor Mário, que vive em Brasília.
            Barra do Corda está crescendo se tornando adulta na área da cultura, apesar de não contar com ajuda oficial. É uma luta de amor à arte e já se destacam talentos na capoeira, artesanatos, pintura, escultura, música, atores amadores, jovens estes muito promissores. Neste momento seria importante um líder que pudesse dar um norte, na profissionalização. O CEBRAE deveria ser procurado para a realização de cursos de desenvolvimento da qualidade e organização.
            Cito como exemplo, sem interesse de qualquer promoção. Ao chegar à Guiana Francesa, há cerca de dois anos, além da área consular me deram a responsabilidade do Setor Cultural do Consulado-Geral do Brasil em Caiena. Os imigrantes brasileiros por aqui são pessoas simples em sua grande maioria, provindos os estados do Maranhão, Pará e Macapá. São cerca de 30 mil, para um universo de um população de 220 mil pessoas na Guiana Francesa.
            Muito desses brasileiros vieram e ainda vem à procura de fortunas nos garimpos, para luta braba e violenta devido à situação de ilegalidade dos garimpos e muito deles perdem a vida. Outra parte, mais antiga, veio para construir a base de lançamento de satélites de Kourou, e ainda são os melhores profissionais na área da construção civil dessa província francesa.
            Na comunidade brasileira, como era de esperar, existe bom artistas e grupos que promovem a capoeira, quadrilhas juninas e o carnaval. Estavam dispersos e discriminados e era comum serem explorados por mal empresários locais.
            Minha primeira providência foi reunir a liderança e ajudar a montar uma associação de artes e cultura brasileira, de forma que pudesse proteger os interesses dos associados que não tem documentos para viver legalmente na província; e trazer profissionais artistas brasileiros para promover cursos e se apresentar para a população local. A moda pegou e a partir da semente inicial sugiram outras associações que estão representando muito bem a cultura brasileira e são apoiada pelo Governo local.
            Em conjunto com as associações brasileiras locais, o Consulado brasileiro estará promovendo a segunda edição do Dia Brasil 973 (esse número é o número que designa Guiana Francesa – código postal e nas placas dos carros). No ano passado, recebemos mais de quatro mil pessoas no Dia Brasil 973, que foi realizado no Jardim Botânico da cidade. Além de brincadeiras, artistas locais, exposições de pequenos empresários brasileiros na província, comidas típicas brasileira. Vieram do Amapá bandas e grupo folclórico de Marabaixo que fez muito sucesso. O Governo daquele estado apoiou a iniciativa.
            Por causa da promoção cultural, já está mudando o tratamento dado aos brasileiros, que eram vistos como violentos promotores de confusões, devido a muitos episódios que não vale a pena serem lembrados. Na realidade era uma pequeníssima parcela de maus elementos fugidos do Brasil. O que eu quero dizer é que a cultura valoriza e educa as pessoas e o dinheiro colocada nessa área não é uma despesa, mas um investimento com retorno garantido.
            Hoje, o Dia Brasil 973 já faz parte do calendário de festas na cidade e a edição desse ano será realizado no Jardim Botânico, no dia 7 de setembro. A cultura melhorou o relacionamento entre os povos brasileiros e guianenses e deu orgulho aos milhares de conterrâneos que aqui vivem num luta renhida pelo pão de cada dia. Vejo, até com emoção, o orgulho de nossos conterrâneos de ver as cores brasileiras e folclore.
            Quem é bem intencionado é fácil construir. Quem é preguiçoso e não sabe valorizar a criatividade para aproveitar as iniciativas simples, não merece ser líder. O Boi Brilho tem futuro e espero que ele seja uma estrela cintilante com a ajuda da comunidade e do governo.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB013ago2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda

Mundo sem fim 2
Para sempre, amém
jornal Turma da Barra
 

A melhor maneira de predizer o futuro é criá-lo."
Peter Drucker

*Eduardo Galvão

            Nota-se uma excitação geral sobre a criação de novos municípios e os políticos se arregimentam para pleitear a independência de suas comunidades. No passado, eu tinha birra com a independência de povoados para formação de novos municípios, tinha a sensação infantil de está sendo roubada parte de minha terra. Agora, apesar da decepção inicial da separação de Jenipapo dos Vieiras e do Jenipapo dos Arrudas (atual Fernando Falcão), que foram vítimas de prefeitos incompetentes e eficientes na destruição, mesmo assim, sou a favor da divisão, por ter a convicção de que o tamanho do município está além da capacidade de administração dos prefeitos de agora, do passado e de sempre.
            Eu torço por Santa Vitória se tornar independe, assim como todos os povoados que queiram ter identidade própria, se libertando de Barra do Corda, pois seus administradores (se podemos chamar assim) não souberam, por mais de um século, trazer desenvolvimento para própria sede do município. Torço pela emancipação por imaginar que a proximidade do administrador fica mais fácil cobrar o desenvolvimento da comunidade.
            A exemplo da metrópole São Luís, Barra do Corda sempre esteve de costa para seu interior. Não sei se por incompetência, ou, simplesmente, não interessar melhorar a condição de vida de milhares de pessoas que, mesmo sem ajuda, bem ou mal, produzem a riqueza do município. No entanto, deixaram esses viventes estagnados no tempo, vivendo nas mesmas condições trabalho similar à escravidão, sem direito a saúde, alimentação digna, água potável e condições de higiene precária. O sujeito que se diz prefeito deve ficar constrangido, por reconhecer que não tem competência para gerir um município tão grande.
            Dizem que o prefeito anterior e sua família deu sumiço em mais de 50 milhões de reais dos cofres públicos, em oito anos de governo. A ganância foi tanta que quase compraram todas as terras do município (foi o que me contaram). Como um prefeito deste naipe pode programar projetos de desenvolvimento?  Ipiranga e Santa Vitória são povoados que mais se parecem cidades e estão praticamente abandonados à própria sorte, sem investimento ou planejamento para o futuro.
            Desde 1910, meu avô por parte de mãe e seus irmãos, depois filhos e genros, cultivaram nas terras devolutas do município e nunca tiveram sucesso. Hoje, em pleno século 21, a mecanização das lavouras, por incrível que parece, é exceção no município, como ainda são exceção as técnicas modernas em qualquer empreendimento. Nas lavouras de subsistência, que são maioria no município, ainda é adotado sistema artesanal de manejo para produção agrícola da idade média e as ferramentas são o machado, foice, enxada, catana e o cambito (será que a garotada sabe o que é isto?).
            A situação de pobreza, como eu mencionei em matéria anterior, não é por falta de técnicos do governo federal e estadual, mas por falta de uma autoridade municipal, ou quem quer que seja, que tome a frente para elaborar projeto de trabalho em conjunto com agências financiadoras e montar um programa de ação. Enerva-me a preguiça mental e a incompetência. Isto é resultado da camaradagem do prefeito de agraciar pastas importantes a pessoas que não têm requisitos e experiência.
            Universidades, ONG e outras agências podem ser solicitadas a realizar pesquisas e auditorias de forma a identificar os erros e elaborar projetos que sejam compatíveis com a capacidade da Prefeitura de executá-los, mas o que se nota é a má vontade, aliada a incompetência. Hoje, com a facilidade de informação, não acredito em pessoas tapadas que não saiba qual é a obrigação e o dever do administrador público.  O que temos são aproveitadores egoístas que somente veem o próprio umbigo.
            Sentado onde estou um turbilhão do tempo me transporta ao passado de meio século, vejo-me sentado entre dois jacás cheio de roupas sujas, que minha avó levava para lavar no Chôa, devido à escassez de água no Barro Branco. Saíamos cedinho, íamos a grupo, normalmente mulheres e crianças, naquela animação de perspectiva de banho de rio e para a meninada, cansada de banhar em água com lama, alvoroçada, era piquenique.
            Retornei ao Barro Branco cerca de 50 anos depois, com  o meu primo Benones, ele me levou nos lugares onde moravam nossos parentes. Depois, sentados debaixo de uma boa sombra, perto de onde meu avô residia antigamente, ficamos a comentar que o povoado não ficou parado no tempo porque a situação piorou: agora era a puaca nas ruas esburacada e quase intransitável, o velho açude, outrora vivo e cheio, jazia quase vazio, aterrado e coberto por planta aquática.
            Fomos almoçar na casa da tia Nicolina, filha de meu saudoso tio-avô Zeca Pires, fundador do povoado. No interim, saiu um jumento correndo na rua, ladeira a baixo, rinchando e o dono correndo atrás, gritando. Aquela visão me transportou no tempo, parecia o de minha infância quando passava férias na casa de meus avós.  Oh!  Meu Deus!  Emocionei-me, parecia que logo chegaria meu avô Luís Queiroz e vovó Rosalina Pires, viria para tomar café gostoso na casa de tia Nãna, onde ainda hoje mora tia Nicolina.

            A lembrança do passado nos emociona sobremaneira pela transitoriedade da vida, mas ao vermos a precariedade da povoação, por onde transitaram e viveram as pessoas queridas, vem revolta em meu coração.
            Senhor perdoa-nos, não somos dignos de ti, Senhor, somos incapazes de amar o próximo.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB07ago2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda

Mundo sem fim
jornal Turma da Barra
 

“A realidade é uma só, reclama quem não se beneficia do prato cheio; 
os protegidos da situação se empanturram,  numa gula insaciável, pois sabem que o pecado da gula não será punido e as migalhas que caem da mesa são suficientes para os milhares lázaros esfomeados”

*Eduardo Galvão

            O cotidiano político-administrativo de Barra do Corda, como as águas do rio no verão, continua inalterado: a violência campeia, os beneficiários das mamatas foram apenas substituídos por outros mais gananciosos. Eles pensam que o povo é bobo e que não tem poder, um povo indolente.
            O verão se aproxima com a perspectiva de calor estorricante: os calangos andarão nas pontas dos dedos no areão quente; os poços e açudes secarão e o povo beberá das águas das cacimbas sujas; a poeira das estradas ficará pior e o pobre lavrador, transportando água no seu jumento, pensará que os pobres de hoje não são felizes como os de outrora, pelo menos não engoliam tanta poeira.
            Contradiz a visão da colina verdejante, o açude bem cuidado, o gado pastando modorrento; a cerca da divisão do pasto de moirão de aroeira bem talhada; assistência técnica dos órgãos públicos e picapes últimos tipos, de marcas estrangeiras, transitando a toda velocidade. O dono gordo na cidade em ambiente de ar condicionado. Este é o mundo do lavrador degenerado do dinheiro público, que se beneficia de todas as facilidades.
            Que mesmice! Entra e saem prefeitos, a cantilena da oposição é a mesma, assim como os vivas à situação. A realidade é uma só, reclama quem não se beneficia do prato cheio; os protegidos da situação se empanturram,  numa gula insaciável, pois sabem que o pecado da gula não será punido e as migalhas que caem da mesa são suficientes para os milhares lázaros esfomeados.
            A terra é abençoada, mas a maioria co povo é paupérrimo; a terra é generosa, mas foi tirada dos lavradores. Esse julgamento depende de qual time você torce e das mamatas que recebe. Ter conhecimento, saber da molecagem, é torturante, revoltante. Dá vontade imensa de prender, amarrar e chibatar. Mas porque ficar irritado? O modo de vida dos viventes de Barra do Corda sempre foi assim por século e continuará sendo assim por saecula saeculorum.
            - Tá vendo aí, ô galera, o novo Prefeito prometeu, mas não cumpriu, o nariz dele está cada dia maior e é agasalhado pelos bajuladores chupins, que outrora eram oposição e berravam como cabritos desmamados. Que tremenda decepção! Não é um inferno!
            O Vice-Prefeito quer saltar fora, dizem que ele está desprestigiado. Ser desprestigiado por uma administração dessa é uma honraria maior do que aquele diploma de "Honra ao Mérito” dado pela Câmara de Vereadores ao Secretário de Segurança Pública do Maranhão, no ano passado.
            - “Má vá”, como diria frei Marcelino irritado. Ele, que era santo, não aguentou o tranco, tiveram de transferi-lo às pressas para não morrer mais cedo.
            Abaixo a mesmice! Abaixo a falta de criatividade!  Que os bajuladores chupins fiquem cada dia mais gordos e ganhe mais gorjetas!


*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB01ago2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda

A polícia prende, 
mas a Justiça solta

jornal Turma da Barra
 

“A política e o poder que dentro dela e por meio dela se conquista, 
atrai bajuladores para os seus círculos como a luz atrai os mosquitos de verão”

*Eduardo Galvão

            É ilustrativo o depoimento do major Markus na Câmara de Vereadores de Barra do Corda, quando expôs as dificuldades da Polícia Militar para realizar seu trabalho. Citou o Major, que o contingente da Polícia Militar é insuficiente para uma boa atuação. No depoimento o major Markus também dá a entender que a polícia se sente desmotivada pelo fato de a ”polícia prender e a Justiça mandar soltar” os criminosos. O Comandante realçou a interferência de políticos que usam de influência e através de jeitinhos burlam a Lei e desmotivam os policiais.
            As declarações do major Markus, Comandante do Batalhão de Barra do Corda, afirmando de que é desmotivador para a polícia prender e a justiça soltar, é curiosa. A alegação na boca de um leigo é admissível, mas partindo do Major soa estranho e deixa claro a má formação do Comandante do Batalhão de Barra do Corda, por não entender como funciona a democracia.
            É importante que a população, em especial os leigos no assunto, tenham em mente que as Leis em vigor protegem o cidadão, ninguém pode ser privado da liberdade sem o devido processo legal; ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. Esses são alguns mandamentos constitucionais básicos que devem preponderar. Um dos princípios fundamentais do direito processual e penal universal é aquele segundo o qual “a regra é a liberdade; a prisão é a exceção”.
            Em todos os lugares do mundo, quando a segurança pública baseada na Lei é eficiente e mantém a ordem democrática, quando é desvirtuada vira anarquia e o aparato de segurança é usada em benefício de grupos e para prejudicar adversários.
            Não quero entrar nas considerações se a Lei é boa ou ruim, o certo é que a situação de segurança pública está um caos, como caos também são todos os serviços sob a responsabilidade do governo, por não existir planejamento. Para mim, e creio também para a maioria da comunidade cordina, pareceu ridícula a homenagem, em dezembro de 2012, prestada pela Câmara Municipal ao Secretário de Segurança do Maranhão, Senhor Aluísio Mendes, com a Moção de Honra ao Mérito. É cômico, pela bajulação, pois ele não fez nada de especial para merecer “Honra ao Mérito”. Mas esses tipos de homenagens são banais, não significa nada.
            Como o major Markus bem citou, existiam 700 policiais militares que eram responsáveis pela segurança de oito cidades da região central do Maranhão. Hoje, com o aumento vertiginoso de assaltos, tanto a bancos como nos estabelecimentos comerciais, de roubos, furtos, tráfico de droga e assassinatos, a Polícia Militar tem um contingente de apenas 150 policiais para as mesmas oito cidades, onde estão os outros 550? Agracie novamente o secretário de Segurança do Maranhão que ele responde.
            Não sei quantos policiais militares e civis trabalham em Barra do Corda, mas creio que é possível uma redução considerável das ocorrências, se existirem um maior entrosamento entre o Juiz, as polícias, a prefeitura e a comunidade, representada pela Câmara dos Vereadores. Da união de forças dos três poderes poderia sair um planejamento mínimo de ação, cada um atuando na sua área para combate a criminalidade e identificar e atenuar os riscos de crimes, descobrir os motivos da violência e coibi-los. Mas quem se dispõe a fazer um trabalho sério? Quem teria competência em um ambiente de bajuladores?
            É um fato, e todo mundo concorda, a principal origem da insegurança pública é a corrupção na polícia, aliada a corrupção de outras esferas dos poderes constituídos. O policial corrupto cobre a retaguarda dos criminosos para extorqui-los depois. Assim, é necessário valorizar os policiais para que se sintam orgulhosos de seu trabalho e saiba a importância dele; o policial tem que ganhar salário que seja suficiente para manter sua família e possa viver com dignidade. Policial não é bandido, ele é um cidadão como todos nós.
            Assim como a tolerância zero com a corrupção faz diminuir a criminalidade em geral, a aceitação da interferência de políticos no trabalho policial para livrar a cara de bandidos também deve ser criminalizada. O jeitinho para amenizar a vida de contraventores-eleitores desmoraliza a lei e estimula crimes maiores.
            A Justiça não tem dono, para o bem de todos.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB10jul2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda

Doença, desemprego, medo e humilhação
jornal Turma da Barra
 

Gritos de dor ecoaram sem que ninguém pudesse ouvir,
Gritos de ódio não bastaram para tudo coibir,
Compra de votos, roubo e corrupção é a realidade
Fome, desemprego, medo e repressão pra destruir verdades.
Hoje estamos caminhando para união,
Amanhã seremos fortes e teremos a razão.
A classe dominante não perde por esperar
Todo o povo em um só grito dará pra escutar.
Doença, desemprego, medo e repressão não mais!
Corrupção compra de votos e repressão nunca mais!

(plagiando a banda Inocentes)

*Eduardo Galvão

            Uma semana após as manifestações, que reuniram milhares de pessoas nas principais avenidas e praças das cidades, para exigir melhorias e mudanças, ainda se ouve ecos de gritos espaçosos contra os corruptos. O povo cansado recolheu as bandeiras e retornou às suas famílias. O ritmo das ruas parece normal, o tetracampeonato ajudou na calmaria. É uma trégua temporária, um vulcão dormente, que vai explodir novamente.
            Em Barra do Corda as manifestações foram tímidas e medrosas, apenas um pequeno grupo se dispôs a sair às ruas e se mantiveram aguerrido. É um grande começo da nova geração que é mais politizada, que não se deixou corromper por migalhas, ao contrário dos sítios da internet, com origem na cidade, que se limitaram a registrar pequenas notas e se mantiveram silente e insignificantes como realmente são.
            Infelizmente, a Prefeitura ainda é o sonho de emprego de quase totalidade de jovens que estão entrando no mercado de trabalho em Barra do Corda, por causa disso, o Prefeito sabe muito bem capitalizar de forma a parecer  grande benemérito das causas sociais. No entanto, não daremos trégua, o concurso público será cobrado para deixar o rei nú e a ilegalidade de hoje será  corrigida por pressão popular. Já não existe espaço para as velhas práticas do apadrinhamento, tão comum no Maranhão.
            É triste assistir a querida Barra do Corda ser abandonada pelos  poderes públicos e  tragada por uma onda de violência desmedida. As autoridades parecem passivas e incompetentes para tratar do assunto, que começa com a compra de votos e se descamba para o tráfico e uso de drogas pesadas, do álcool, do assalto, do roubo, assassinato e termina no emprego apadrinhado, políticos parasitas se beneficiando do dinheiro público em detrimento da cidade. A perversão é como o fermento que “leveda toda a massa”, ou seja, perverte toda sociedade e a violëncia parece interminável.
            Progresso é oferecer empregos através de investimentos em saneamento básico, construir estradas vicinais, agricultura, saúde, estímulos à abertura de empresas etc., Iniciativas estas poderiam criar centenas de empregos na região e, por conseguinte colocar mais dinheiro em circulação na cidade. Não oferecer esperança à massa jovem, capaz e competente, dando oportunidades em sua própria cidade e deixar sem a menor visão de futuro e à mercê dos traficantes de drogas, é estimular o esfacelamento das famílias e o consequente aumento da violência.
            Quem tem boas intenções, tem iniciativa, faz e acontece. Quem não quer se acomoda e fica na preguiça cômoda às custas das misérias alheias. As pessoas que vivem na cidade, mamando nas tetas do município sugando os parcos recursos, não imagina o que é a fome.  A fome existe e é muito bem faturada por pessoas inescrupulosas. Sim, no município de Barra do Corda, tem pessoas passando fome.
            Vi, índios, humildes agricultores sem terra e pequenos sitiantes, trocando seus votos por cestas de alimentos, que não valia 30 reais.  Não podemos aceitar crime, não podemos aceitar a humilhação da troca de comida por votos. Criminosos desse quilate, muito deles agora ganhando bons salários; salários que provêm de nosso suor, que se tornam prêmio da súrcia  degenerada que humilha e tira a dignidade de trabalhadores, homens que se ver obrigado a vender seu próprio voto por causa da fome. Homens, agora humilhados, mas através de seu suor, ajudam a colocar em nossas mesas o alimento.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB3jul2013)

 

Artigo
Reflexões sobre Barra do Corda

Se depender de mim
jornal Turma da Barra
 

A Constituição Federal de 1988, a carta cidadã, estabelece em seu Art. 1º, Parágrafo Único. "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição".

*Eduardo Galvão

            As manifestações que aconteceram no transcorrer da semana foram realmente didáticas aos governantes e políticos em geral, eles aprenderam que todo poder emana do povo, como sendo um fato e não teoria. Nos últimos anos o povo brasileiro tem sido abusado por autoridades inescrupulosas que se sentem intocáveis.
            Alguns políticos tem seu mandato como mercadoria negociável e, pela maleabilidade da lei, ficaram totalmente confiantes da impunidade. Chegou o momento, cada cidadão, estudante, funcionário público, operários, aliás, todos os membros da sociedade, jovens e adultos, sentir-se dono do Brasil e dar sua contribuição, dentro da suas possibilidades, com a coragem resoluta de quem ama o Brasil.
            Não se pode mudar através da violência, mas da cobrança firme e não se conformando com o desrespeito aos nossos direitos. Lutar por mudança de mentalidade dos políticos, e também as nossas, que se acostumou tirar proveito pessoal de cargos públicos, isto também é corrupção. Como cidadão, atento e vigilante, é necessário firmar o compromisso e dar contribuição:
            Se depender de mim, Barra do Corda será uma cidade modelo de desenvolvimento e de respeito aos cidadãos.
            Se depender de mim, a partir de hoje, não votarei em candidatos fichas sujas, ou por eles indicados, ou que tenham alguma nódoa que posa levar sujeira para a prefeitura ou para câmara municipal.
            Se depender de mim, não aceitarei políticos inúteis que são parasitas e sugam os parcos recursos da prefeitura, fazendo da prefeitura um cabide de emprego.
            Se depender mim, a partir de hoje, vou continuar criticando políticos mentirosos que fazem promessa vã, principalmente aqueles que criticavam as sujeiras de governos passados  apenas para ganhar a eleição, mas continua praticando os mesmos erros. Se depender de mim esses políticos não serão reeleitos.
            Se depender de mim, vou exigir do prefeito um programa de trabalho em obras públicas, de investimentos, de forma a melhorar a agricultura e as estrada vicinais do município.
            Se depender de mim, não aceitarei e lutarei para acabar com  a ditadura de uma classe dominante que não obedecem à lei, e negociam os recursos públicos em benefício próprio.
            Se depender mim, não vou aceitar a propaganda mentirosa, que coloca o Prefeito acima do bem e do mau e podendo utilizar os recursos da prefeitura para privilegiar a própria família.
            Se depender de mima, tratarei com respeito os bons funcionários do município, mas não aceitarei a arrogância de funcionários públicos que destratam o cidadão.
            Se depender de mim, vou exigir concurso público, e lutar para retirar os apadrinhados da prefeitura, por ser uma questão de oferecer oportunidades iguais. Se depender de mim tratarei desse assunto com o prefeito na primeira oportunidade.
            Se depender de mim, vou exigir serviço público de qualidade, não aceitarei desculpa esfarrapada, pois o Governo tira recursos do povo para investir nesses serviços, assim como exigirei das empresas particulares, que estão sob controle do Governo.
            Se depender de mim, não vou me contentar com os rios poluídos, com o loteamento ilegal que provoca a derrubada das matas ciliares, deixando os rios desprotegidos.
            Se depender de mim, vou lutar em favor da criação do parque das Cachoeiras Grande e da Fumaça e pela retirada da invasão da Vila Real e dos lotes ilegais naquela região, para proteger as matas ciliares que são a vida dos riachos afluentes do rio corda.
            Se depender de mim, lutaremos com os nossos irmão indígenas em defesa do ecossistema em suas terras, dos rios cordas e Mearim.
            Se depender de mim, vou lutar pela segurança pública, elogiando as medidas corretas e denunciar a preguiça e a corrupção nas polícias. |
            Se depender de mim, não vou corromper os funcionários públicos.
            Se depender de mim, Barra do Corda, Maranhão e o Brasil serão melhores.

*Eduardo Galvão é historiador e Vice-Cônsul do Brasil em Caiena – Guiana Francesa

(TB25jun2013)